Baixos salários e ambiente hostil são desafios à qualidade na educação
Além da firmeza com que reitera o compromisso com a estabilidade econômica, a presidente Dilma Rousseff parece convencida de que seu governo deve perseguir como prioridade a qualidade da educação. E, para isso, sabe que será necessário aumentar os investimentos públicos no setor, que hoje recebe algo como 5% do Produto Interno Bruto (PIB). Há quem defenda a elevação dessa participação para 7% e até para 10%. Um novo argumento em favor dessa ampliação foi divulgado ontem pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que concluiu estudo sobre o impacto dos gastos sociais do governo na formação do PIB. Com base nos dados do desempenho da economia em 2006, o Ipea calcula que os gastos públicos sociais representaram 21% do PIB. Entre os gastos públicos sociais, os destinados à educação são o que oferecem o maior retorno econômico, ou seja, os que mais contribuem para o crescimento do PIB. Para cada R$ 1 que recebe, a educação gera R$ 1,85, ficando a saúde em segundo lugar, com R$ 1,70. Esse resultado, embora tenha precisão discutível, não deixa de ser estimulante, pois toca num dos pontos mais sensíveis da questão até agora sem solução: a remuneração do professor. "O gasto na educação não gera apenas conhecimento. Gera economia, já que ao pagar salário a professores aumentam-se o consumo, as vendas, os valores adicionados, salários, lucros, juros", avalia o diretor de Estudos e Políticas Sociais do Ipea, Jorge Abrahão.
Mas a realidade é que esse impacto deve-se muito mais à quantidade do que ao valor. O piso nacional para professores, instituído por lei federal em 2008, é atualmente de R$ 1.183. Sabe-se que nem todos os estados e municípios têm condições de pagar esse salário. Assim, o magistério acabou ficando em descompasso com a maior parte do mercado de trabalho, aquecido pelo crescimento econômico. Não é raro encontrar trabalhador com carga de estudos e qualificação técnica inferior à do professor com salário de entrada acima de R$ 1,2 mil. Mantida por décadas, essa situação gerou um crescente desinteresse dos jovens pela carreira. Dados do Censo do Ensino Superior realizado pelo Ministério da Educação (MEC) mostram queda na procura e aumento das desistências nos cursos de preparação de professores. Em apenas cinco anos, entre 2005 e 2009, caiu à metade o número de estudantes que concluíram cursos de formação de professores para o ensino básico.
Desestimulados pela baixa remuneração e sem perspectivas predefinidas de crescimento profissional, os jovens nem precisavam da sedução de outros mercados. Há pouco dinamismo e estímulo à criatividade em um sistema de ensino que os alunos consideram desinteressante. Como se não bastasse, é comum a falta de apoio e parceria dos pais, quase sempre dispostos a reprovar o professor, o que ajuda a tornar o aluno rebelde e agressivo. Não foi à toa que o Sindicato dos Professores de Minas criou um disque-denúncia para que mestres se defendam de agressões físicas. A presidente Dilma acerta quanto à prioridade. Mas precisa saber que vai precisar muito mais do que dinheiro para começar a mudar a péssima situação do ensino no Brasil.
Além da firmeza com que reitera o compromisso com a estabilidade econômica, a presidente Dilma Rousseff parece convencida de que seu governo deve perseguir como prioridade a qualidade da educação. E, para isso, sabe que será necessário aumentar os investimentos públicos no setor, que hoje recebe algo como 5% do Produto Interno Bruto (PIB). Há quem defenda a elevação dessa participação para 7% e até para 10%. Um novo argumento em favor dessa ampliação foi divulgado ontem pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que concluiu estudo sobre o impacto dos gastos sociais do governo na formação do PIB. Com base nos dados do desempenho da economia em 2006, o Ipea calcula que os gastos públicos sociais representaram 21% do PIB. Entre os gastos públicos sociais, os destinados à educação são o que oferecem o maior retorno econômico, ou seja, os que mais contribuem para o crescimento do PIB. Para cada R$ 1 que recebe, a educação gera R$ 1,85, ficando a saúde em segundo lugar, com R$ 1,70. Esse resultado, embora tenha precisão discutível, não deixa de ser estimulante, pois toca num dos pontos mais sensíveis da questão até agora sem solução: a remuneração do professor. "O gasto na educação não gera apenas conhecimento. Gera economia, já que ao pagar salário a professores aumentam-se o consumo, as vendas, os valores adicionados, salários, lucros, juros", avalia o diretor de Estudos e Políticas Sociais do Ipea, Jorge Abrahão.
Mas a realidade é que esse impacto deve-se muito mais à quantidade do que ao valor. O piso nacional para professores, instituído por lei federal em 2008, é atualmente de R$ 1.183. Sabe-se que nem todos os estados e municípios têm condições de pagar esse salário. Assim, o magistério acabou ficando em descompasso com a maior parte do mercado de trabalho, aquecido pelo crescimento econômico. Não é raro encontrar trabalhador com carga de estudos e qualificação técnica inferior à do professor com salário de entrada acima de R$ 1,2 mil. Mantida por décadas, essa situação gerou um crescente desinteresse dos jovens pela carreira. Dados do Censo do Ensino Superior realizado pelo Ministério da Educação (MEC) mostram queda na procura e aumento das desistências nos cursos de preparação de professores. Em apenas cinco anos, entre 2005 e 2009, caiu à metade o número de estudantes que concluíram cursos de formação de professores para o ensino básico.
Desestimulados pela baixa remuneração e sem perspectivas predefinidas de crescimento profissional, os jovens nem precisavam da sedução de outros mercados. Há pouco dinamismo e estímulo à criatividade em um sistema de ensino que os alunos consideram desinteressante. Como se não bastasse, é comum a falta de apoio e parceria dos pais, quase sempre dispostos a reprovar o professor, o que ajuda a tornar o aluno rebelde e agressivo. Não foi à toa que o Sindicato dos Professores de Minas criou um disque-denúncia para que mestres se defendam de agressões físicas. A presidente Dilma acerta quanto à prioridade. Mas precisa saber que vai precisar muito mais do que dinheiro para começar a mudar a péssima situação do ensino no Brasil.
Fonte: UOL Educação
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