2011: O reflorescimento das lutas sociais
(Por: Hugo Martins de Souza*)
A revolta popular que sacudiria o mundo
árabe em 2011 e que influenciaria a juventude doutros países, desencadeando, a partir de então, uma onda revolucionária-democrática de reflorescimento das lutas sociais em
nível mundial, iniciara-se na Tunísia ao final de 2010.
O movimento insurgente protagonizado pela juventude tunisiana difundira-se rapidamente através das redes sociais disponíveis na internet (o Facebook e o Twitter, principalmente) se transformando numa avassaladora onda de protestos contra o ditador Ben Ali, há 24 anos no poder, provocando sua queda em menos de um mês de intensas manifestações de rua.
O movimento insurgente protagonizado pela juventude tunisiana difundira-se rapidamente através das redes sociais disponíveis na internet (o Facebook e o Twitter, principalmente) se transformando numa avassaladora onda de protestos contra o ditador Ben Ali, há 24 anos no poder, provocando sua queda em menos de um mês de intensas manifestações de rua.
O estopim do movimento insurrecional tunisiano, como sabemos, fora a revolta popular desencadeada contra o governo tunisiano diante
o desfecho trágico do caso de um jovem vendedor ambulante, Mohamed Bouazizi (26
anos), que na manhã do dia 17 de dezembro ateara fogo em seu próprio corpo após
ter sido impedido pelo governo de continuar exercendo sua modesta atividade
comercial que lhes garantia o sustento familiar, vindo a falecer dias depois. Contudo,
o verdadeiro motivo da revolta popular-juvenil tunisiana fora a crise
econômica, o desemprego, os problemas sociais, o regime político de ditadora militar e a falta de liberdades
democráticas naquele pequeno país africano.
Como uma fagulha no
palheiro o movimento democrático-popular iniciado na Tunísia
rapidamente se espalhou pelo mundo árabe (Norte da África e Oriente Médio),
região marcada pelo autoritarismo de ditaduras e dinastias conservadoras
corruptas há décadas cristalizadas no poder.
Além da Tunísia a revolta árabe atingira também o Egito, o Iêmen, a
Argélia, a Jordânia, o Sudão entre outros, assegurando avanços e conquistas
democráticas importantes.
No Egito, a
intensificação dos protestos, iniciados em 25 de janeiro de 2011, provocou a
queda do ditador Hosni Mubarak após 18 dias de intensas manifestações de rua,
vitória comemorada por centenas de milhares de manifestantes na Praça do
Tahrir, na cidade do Cairo, símbolo da resistência popular egípcia.
Recentemente, porém, nuvens negras surgiram no horizonte. Na Terra dos Faraós, Egito, no inicio de junho de 2013, um golpe
militar contra a incipiente democracia depôs o presidente eleito Mohamed Morsi,
há apenas um ano no governo, eleito democraticamente com 51,7% dos votos na
primeira eleição livre do período pós-Mubarak. A violenta repressão (massacre)
policial aos protestos em favor da democracia e do retorno ao
poder do presidente deposto causaria a morte de centenas de manifestantes e milhares de feridos.
Na Europa, em meados de maio de 2011, a Espanha também
seria sacudida por uma onda de protestos e manifestações nacionais ocorridos à
véspera das eleições municipais marcadas para o dia 22. O movimento, deflagrado no dia 15 e que se estendera até o final de maio daquele ano, desencadeou uma onda de mobilizações nacionais e manifestações públicas (passeatas,
assembleias e ocupações de praças públicas) de protestos nas maiores cidades do
país.
Vale salientar que o
“Indignados”, como ficou conhecido
pela imprensa mundial em alusão ao livro “Indignai-vos!”
de Stéphane Hessel, foi um movimento politico independente de caráter popular e pacífico protagonizado pela juventude consciente espanhola, engajada nos embates travados nas
redes sociais da internet (com destaque para a plataforma ¡Democracia Real
Ya!), que conquistou o respaldo popular e o
apoio de várias entidades do movimento social.
As bandeiras de luta principais do “Indignados” questionava a política oficial conservadora reivindicando mudanças
profundas na democracia “representativa” espanhola, além de contestar e
repudiar o neoliberalismo econômico causador de crises econômicas, desempregos,
pobreza, cortes nas áreas sociais etc. O movimento cresceu espontaneamente se
propagando pelas cidades espanholas através dos acampamentos (ocupações) de resistência,
contestação e vigília, como por outros países do Velho Mundo, ocorrendo também
manifestações e protestos simultaneamente na Grécia, em Portugal,
na Irlanda, França, Reino Unido, entre outros.
Na América Latina, entre meados de 2011 e 2012, milhares
de estudantes universitários e secundaristas chilenos se levantaram em grandes
manifestações nacionais de protestos, greves estudantis, ocupações (de escolas,
universidades, praças e avenidas) e enfrentamentos denunciando a privatização
dos serviços públicos e lutando por uma educação pública de
qualidade para todos.
Na América, em
setembro de 2011, surgia o Occupy Wall
Street (OWS), movimento de caráter pacífico inspirado em estratégias de
luta utilizadas pela juventude egípcia da praça do tahrir, realizando importantes manifestações em Wall Street,
Nova Iorque, coração financeiro internacional, contra a concentração de
riquezas, o desemprego e a disseminação da pobreza e da miséria mundo a fora, denunciando a perversa concentração da riqueza dos Estados Unido nos 1% mais ricos em detrimento do resto da população, daí o slogan "We are the 99%" ("nós somos os 99%"), fazendo denúncias contundentes ao capitalismo financeiro internacional por comprometer o futuro dos povos e nações nas
transações bilionárias que circulam diariamente pelo mundo nas apostas da jogatina internacional nas bolsas
de valores, casinos da burguesia mundial.
Recentemente, a
juventude brasileira também se levantou protagonizando uma das mais importantes páginas da história política do nosso país durante as jornadas juvenis de junho/julho de 2013 que sacudiram o país numa das maiores ondas nacionais de protestos reivindicando melhorias sociais (nos
transportes, na educação, na saúde, segurança, urbanismo etc.), o
combate à corrupção e a ampliação de direitos civis e liberdades individuais
das minorias marginalizadas, assunto que abordaremos mais adiante em “O Despertar da Juventude”.
*Hugo Martins é Professor de Geografia do Ensino Fundamental e Médio, militante dos movimentos populares e Coordenador Geral da Regional de Caicó do SINTE/RN.
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