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quarta-feira, 25 de maio de 2011

Texto II do Professor Adaécio sobre a GREVE

Amigos e colegas.

Gostaria de compartilhar com vocês alguns informes e reflexões sobre a greve dos professores do estado do RN. Gostaria de iniciar falando que, ao contrário do que veiculou esta semana o governo do estado, a quase totalidade dos professores do estado estão em greve sim, e esse número só aumenta. Os dados que foram postos pela secretaria são distorcidos. A Secretaria considera que apenas estariam em greve aquelas escolas que estão com seus portões trancados. Escolas que estão abertas, mesmo que só esteja lá alguns funcionários, secretárias e etc., para o Estado não estariam em greve. Como podemos ver uma distorção sem tamanho, pois em casos como esses, a grande maioria dos funcionários da escola estão em greve.
Temos que nos mexer companheiros, este é o momento, devemos aproveitar as repercussões positivas das falas da Professora Amanda Gurgel, inclusive, para não sairmos dessa greve como sempre. Precisamos pressionar e não desanimar. Acerca daquela velha estória dos alunos, que estão sem aula, etc., etc., eu me reporto á fala da professora Amanda. Os alunos ficam sem aula por vários outros motivos, é preciso que se diga. E mais, o que é pior para o aluno, ter uma greve grande agora e passar alguns anos sem greve ou em todos os anos enfrentar greves desgastantes? É preciso que se coloque isto para os pais de alunos, para que não pensem que somos nós os culpados pelo problema atual.
Em 2003, quando estava terminando o curso de Física na UFRN, aquela instituição enfrentou a maior greve dos últimos tempos, ficaram parados alunos e professores durante 3 meses e 18 dias. O diretório central dos estudantes (DCE) do qual eu era um colaborador – assim como a hoje professora Amanda Gurgel – apoiou a greve dos professores e vinculou uma pauta de reivindicações dos estudantes à pauta dos professores e ocupamos a reitoria do Campus Central daquela instituição por várias semanas. Estou falando isso para mostrar que também já estive do outro lado e entendo, mas mostro também a necessidade de muitas vezes não pensarmos apenas em nós mesmos, mas num projeto maior para a educação e a sociedade. Naquela oportunidade poderia ter aproveitado para me concentrar em estudos para concursos já que estava terminando o curso, mas preferi abraçar a causa. Assim como agora, que estão abertos vários concursos para minha área e, no entanto, estou com total dedicação à luta.
Estou falando tudo isso para exemplificar, mas acho que todos nós temos argumentos e formas próprias de defender o fato de estarmos em greve. Precisamos quando formos inquiridos, responder com os devidos argumentos, do contrário, começaríamos a acreditar nas falácias que estão por aí, para variar, detonando o profissional professor.
E para encerrar, gostaria de discorrer sobre alguns comentários presentes em blogs, como o de Robson Pires, por exemplo. É uma pena, mas alguns blogs, que deveriam ser mais livres, já que na sua maioria não têm fins lucrativos, acabam sendo reacionários igualmente ou até mais do que os meios já conhecidos.
Um exemplo disso são estes blogs, dos quais destaquei aquele. Em vez de se concentrarem no que realmente importa, que é a denúncia feita por aquela professora e que se espalhou por todo o Brasil e até para o exterior, se prendem ao fato dela ter falado, pois não tem nada a esconder, que está em processo de readaptação e que no momento trabalha na sala de informática da escola na qual está vinculada. Isso porque recentemente passou por problemas de saúde – psicológicos. Isso tudo – sobre sua situação - está na Tribuna do Norte, numa das primeiras entrevistas concedidas por ela depois do vídeo. Passaram a comentar nesses blogs se ela não teria problemas psíquicos – o que a desqualificaria para falar -, ou se poderia ser porta-voz da categoria pelo fato de não estar na sala de aula, e inclusive questionam a veracidade do fato de já ter desenvolvido estes problemas de saúde, por ser ainda jovem.
Camaradas, quando em rodas de conversa eu falava que estamos enfrentando uma crise civilizatória, que o número de suicídios atualmente cresce de forma alarmante, que nunca a humanidade esteve tão perdida – embora muitos pensem que está tudo muito bem pelo fato de podermos comprar cada vez mais -, e que precisamos passar a discutir essas coisas, muitos me taxavam de louco. Pois bem, eu volto a afirmar. Estudos revelam que um grande número de jovens que estão na universidade atualmente têm ou já tiveram problemas psicológicos e/ou pensaram em se suicidar. E isso não se restringe a universitários. Podem pesquisar, estes trabalhos estão na rede mundial de computadores – inclusive um deles feito pela UFRN. Por isso não é de se esperar que uma jovem que perdeu os pais aos 4 anos de idade e que sempre lutou contra injustiças e desigualdades esmorecesse um pouco em determinado momento.
Conheço Amanda, fui colega dela, inclusive por ela ter sido namorada de um grande amigo. Ela é uma dessas pessoas que parecem ser um estranho no ninho, que sentem de forma passional os males do mundo – entendo muito bem o que é isso, diga-se de passagem. E lhes garanto, ela não tem interesse nenhum em se promover com tudo isso. Inclusive, um dos motivos que a fez se decepcionar tanto, foi ver que muitas vezes aqueles que falam querem mesmo é se beneficiar da situação. E sobre o fato de pensar se ela teria condições mentais para falar o que falou, eu nem sequer vou comentar, os fatos falam por si. A causa dela é nobre, e devemos combater aqueles que estão querendo desqualificar a sua ação, esse é o ponto.

“Ói, escute, você que está aí sentado. Levante-se, há um líder dentro de você. Governe-o, faça-o falar”
Chico Science em Todos Estão Surdos (música de Roberto Carlos em que Chico acrescentou esta parte – escutem esta música nós estamos precisando, procurem na internet).

Prof. Adaécio Lopes

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