Olá Pessoal.
Meu nome é Adaécio e sou um professor da rede estadual de ensino e tenho algumas questões a discutir. Em primeiro lugar quero destacar que estamos em greve. E essa é uma greve que me parece diferente das demais, pois vejo escolas e professores que nunca ou quase nunca aderiam a greves na linha de frente desta vez. Isso me deixa feliz e ao mesmo tempo me causou certa surpresa e me fez pensar um pouco sobre este fato.
Na minha opinião acontece nessa greve algo que eu esperava que um dia acontecesse, embora ao mesmo tempo tivesse minhas dúvidas em relação a esta efetivação. Os educadores estaduais simplesmente não aguentam mais tanto descaso, e em massa decidiram parar e só restabelecer as atividades quando sua situação for revista. Percebam esta atitude é motivada por questões psicológicas, instintivas, ligadas ao ideal de sobrevivência, algo semelhante ao que fazemos quando reagimos a uma situação de perigo (veja a que ponto chegamos pelo descaso com algo que deveria ser prioridade, como a educação).
O instinto de sobrevivência é algo que faz parte do inconsciente coletivo dos indivíduos. Uma prova de que esta greve tem componentes desta natureza, e que parece ter sido uma decisão pessoal de todos e que só posteriormente ganhou caráter coletivo é o fato de que nunca foi tão fácil deflagrar uma greve tão grande quanto esta (é o que é relatado, pelas regionais e pela base estadual do movimento, nos encontros de que tenho participado - inclusive, deixemos claro, a estadual foi contra o movimento, mostrando mais um indício de que a greve foi construída pela base e pelas regionais de oposição). É como se cada um, lá com seus botões, dissesse “chega, agora não dá mais, vamos à luta” e quando saiu de casa para o espaço público, reparou que todos os demais também tinham a mesma opinião.
Nesse sentido, não se quer saber se houve irregularidades do governo anterior, se o estado está com dificuldades – se é que está mesmo, pois as contas não estão batendo. Queremos que nossas reivindicações sejam atendidas, o governo tem que resolver as questões, não ficar se desculpando, tirando o corpo fora. Elegemos estas pessoas justamente para esta função: gerenciar.
O momento é de revolta, e em tal panorama fatores psicológicos e emocionais, instintivos, ganham maior relevância e isso não deve ser considerado algo negativo, muito pelo contrário. Veja que as grandes mudanças relatadas pela história da humanidade e demais revoluções foram seguidas de movimentos em que este componente mais passional foi decisivo no processo. Somos isso também. Não somos apenas racionalidade, somos também sentimento, revolta.
Se devemos tentar mudar o mundo, transformar a realidade, como dizem os teóricos da educação, inclusive o educador brasileiro Paulo Freire, que comecemos pela nossa realidade mais próxima, do contrário não seríamos nada mais do que hipócritas.
Aproveitemos este sentimento e vamos à luta, o momento é este, não podemos nos calar nem ficar parados.
De um colega para os demais.
Prof. Adécio Lopes
Meu nome é Adaécio e sou um professor da rede estadual de ensino e tenho algumas questões a discutir. Em primeiro lugar quero destacar que estamos em greve. E essa é uma greve que me parece diferente das demais, pois vejo escolas e professores que nunca ou quase nunca aderiam a greves na linha de frente desta vez. Isso me deixa feliz e ao mesmo tempo me causou certa surpresa e me fez pensar um pouco sobre este fato.
Na minha opinião acontece nessa greve algo que eu esperava que um dia acontecesse, embora ao mesmo tempo tivesse minhas dúvidas em relação a esta efetivação. Os educadores estaduais simplesmente não aguentam mais tanto descaso, e em massa decidiram parar e só restabelecer as atividades quando sua situação for revista. Percebam esta atitude é motivada por questões psicológicas, instintivas, ligadas ao ideal de sobrevivência, algo semelhante ao que fazemos quando reagimos a uma situação de perigo (veja a que ponto chegamos pelo descaso com algo que deveria ser prioridade, como a educação).
O instinto de sobrevivência é algo que faz parte do inconsciente coletivo dos indivíduos. Uma prova de que esta greve tem componentes desta natureza, e que parece ter sido uma decisão pessoal de todos e que só posteriormente ganhou caráter coletivo é o fato de que nunca foi tão fácil deflagrar uma greve tão grande quanto esta (é o que é relatado, pelas regionais e pela base estadual do movimento, nos encontros de que tenho participado - inclusive, deixemos claro, a estadual foi contra o movimento, mostrando mais um indício de que a greve foi construída pela base e pelas regionais de oposição). É como se cada um, lá com seus botões, dissesse “chega, agora não dá mais, vamos à luta” e quando saiu de casa para o espaço público, reparou que todos os demais também tinham a mesma opinião.
Nesse sentido, não se quer saber se houve irregularidades do governo anterior, se o estado está com dificuldades – se é que está mesmo, pois as contas não estão batendo. Queremos que nossas reivindicações sejam atendidas, o governo tem que resolver as questões, não ficar se desculpando, tirando o corpo fora. Elegemos estas pessoas justamente para esta função: gerenciar.
O momento é de revolta, e em tal panorama fatores psicológicos e emocionais, instintivos, ganham maior relevância e isso não deve ser considerado algo negativo, muito pelo contrário. Veja que as grandes mudanças relatadas pela história da humanidade e demais revoluções foram seguidas de movimentos em que este componente mais passional foi decisivo no processo. Somos isso também. Não somos apenas racionalidade, somos também sentimento, revolta.
Se devemos tentar mudar o mundo, transformar a realidade, como dizem os teóricos da educação, inclusive o educador brasileiro Paulo Freire, que comecemos pela nossa realidade mais próxima, do contrário não seríamos nada mais do que hipócritas.
Aproveitemos este sentimento e vamos à luta, o momento é este, não podemos nos calar nem ficar parados.
De um colega para os demais.
Prof. Adécio Lopes
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