20 de Novembro de 1695, portanto há 313 anos se completava de forma trágica, absolutamente cruel e desumana a possibilidade concreta de os negros desse país sonharem com um país decente e inclusivo. Zumbi assim como Ganga Zumba, só para citar dois desses lutadores, dentre outros, foram esquartejados, destruídos pelo Estado Brasileiro...Assim, hoje em 2007, quando se completam 118 anos da chamada Proclamação da República, vemos a necessidade premente do resgate, (re)afirmação e preservação da memória histórica como forma de construção da nossa história. E é exatamente pela disputa dessa memória, dessa história, que nos últimos 36 anos, a partir do dia 20 de Novembro 1971 no Brasil se comemora o ‘Dia Nacional da Consciência Negra’, essa data para nós tem sido muito significativa. Zumbi, um dos últimos grandes líderes e ícones da resistência ao escravismo do Quilombo de Palmares, foi assassinado na luta pela liberdade desse país! Segundo o professor Flávio Gomes da Universidade Federal do Rio de Janeiro, a escolha do 20 de Novembro foi muito mais do que uma simples oposição ao 13 de Maio: os movimentos sociais escolheram essa data para mostrar quanto o país está marcado por diferenças e discriminações raciais. Para exemplificar essa assertiva não é por acaso que finalmente o Estado brasileiro reconhece sim, que há uma dívida histórica com os Pretos desse país. Estão aí algumas medidas propositivas no sentido da tão propalada inclusão racial e social, a exemplo da Lei 10.639/2003, que entre outras atribuições nos faz retornar à África no sentido do conhecimento mesmo da história da África e dos africanos; a luta e os desafios dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e a conseqüente formação de uma identidade nacional.
Não é fácil, não está sendo fácil, até porque é fato, os diversos processos coloniais construídos ao longo da história pelo imperialismo europeu, estes criaram um sistema de dominação ideológica, em que outras contribuições de cultura, educação, política foram suprimidas, substituídas ou até mesmo ignoradas. Isso por si só explica no Brasil, por exemplo, a ausência da história da África e dos africanos. Certamente essa lacuna tem conseqüências desastrosas sobre a população brasileira. Algumas delas: exclusões étnicas, às quais denominamos de racismos, os processos de criação de credos sobre a inferioridade do Negro, do africano e dos afro-brasileiros e uma tentativa sórdida capitaneada pela grande mídia corporativa de tentar retirar a oportunidade dos negros construírem a identidade positiva sobre nossas origens, abrindo espaços para hipóteses preconceituosas, desinformadas ou racistas sobre as nossas origens.
Seguramente o negro, assim como as tribos de homens nus, não são ignorantes, incultos, incivilizados. Aliás, num texto clássico, datado do dia 18 de Outubro de 1854, sobre Fortunato Lopes da Silva, lá é dito que “esse Crioulo tem 20 e tantos annos de idade, falta dentes na frente (...) é muito pachola, mal encarado, fala com a boca cheia entende plantações da roça e anda de cabeça baixa (...)”. É esse o eixo central determinante que me leva a combater conceitos inferiorizantes sobre nós negros no país. Esse panfleto descrito acima se revela hoje extremamente atual e cruel e retrata a posição social generalizada do negro no Brasil.
É incrível, mas ainda me deparo com anúncios em rádios ditas legais, onde empresas “procuram pessoas de boa aparência” para determinados cargos, ou ainda, a pouca ou nenhuma representação de negros em comerciais de Tv, âncoras de jornais, novelas. É intrigante, fica parecendo que negro não come, não compra roupa, não acessa internet, não vai a Shopping Center, não lê revista, livros, não gosta de cinema... Particularmente, gostaria de ver um negro associando sua imagem a um lançamento de determinada marca de carro da moda no país, seria interessante!
O grande desafio posto é subverter essa perversidade reinante do Brasil que é ignorar a marca d’África no nosso meio, no sentido da ampliação de atuação do negro nos espaços de decisões políticas. Precisamos ampliar o número de professores negros nas universidades desse país. Não é possível que entre as 20 principais instituições que produzem conhecimento acadêmico no Brasil, com destaque para a UFRGS, UFMG, UNICAMP, UFRJ, USP, UFSCar, UFG, UFRP entre outras, termos cerca de 15.866 docentes, entre os quais, somente 67 negros (dados da Universidade Brasília, Jornal A Tarde, 14 de Outubro de 2007), ou seja, esses números revelam que temos somente (um) 1% de professor negro produzindo conhecimento nas academias do Brasil! Aqui enfatizo que quando me reporto à memória histórica calcada no episódio de Palmares, é porque estou considerando a diversidade reinante no Brasil, estou falando de representantes dos quatro continentes, do encontro de culturas e civilizações provindas da América, Europa, África e Ásia. Isto é, os povos indígenas, os alienígenas de diversos países europeus, árabes, africanos. É por isso que conhecer o Brasil equivale a conhecer a história e a cultura de cada um desses componentes culturais, tentando cercar e captar suas contribuições na sociedade brasileira.
Não vejo melhor caminho para entender a história social e cultural deste país, a não ser começando pelo estudo de suas matrizes culturais: indígena, européia, africana e asiática. É isso, Palmares, na sua radicalidade social e política, foi o primeiro troço do solo brasileiro a se emancipar, temporariamente é verdade, da soberania lusitana num primeiro momento, mas ficou para nós lutadoras e lutadores da África e do Brasil a possibilidade de, a partir do diálogo, mas não menos do enfrentamento, vencer a difícil e complexa dívida histórica e cultural com os povos d’África e para isso, é necessário conhecimento, mas não só aprender história ou geografia, também descobrir que entre Brasil, África, Ásia, Europa há muita coisa em comum, principalmente o combate ao racismo e à injustiça social.
Não é fácil, não está sendo fácil, até porque é fato, os diversos processos coloniais construídos ao longo da história pelo imperialismo europeu, estes criaram um sistema de dominação ideológica, em que outras contribuições de cultura, educação, política foram suprimidas, substituídas ou até mesmo ignoradas. Isso por si só explica no Brasil, por exemplo, a ausência da história da África e dos africanos. Certamente essa lacuna tem conseqüências desastrosas sobre a população brasileira. Algumas delas: exclusões étnicas, às quais denominamos de racismos, os processos de criação de credos sobre a inferioridade do Negro, do africano e dos afro-brasileiros e uma tentativa sórdida capitaneada pela grande mídia corporativa de tentar retirar a oportunidade dos negros construírem a identidade positiva sobre nossas origens, abrindo espaços para hipóteses preconceituosas, desinformadas ou racistas sobre as nossas origens.
Seguramente o negro, assim como as tribos de homens nus, não são ignorantes, incultos, incivilizados. Aliás, num texto clássico, datado do dia 18 de Outubro de 1854, sobre Fortunato Lopes da Silva, lá é dito que “esse Crioulo tem 20 e tantos annos de idade, falta dentes na frente (...) é muito pachola, mal encarado, fala com a boca cheia entende plantações da roça e anda de cabeça baixa (...)”. É esse o eixo central determinante que me leva a combater conceitos inferiorizantes sobre nós negros no país. Esse panfleto descrito acima se revela hoje extremamente atual e cruel e retrata a posição social generalizada do negro no Brasil.
É incrível, mas ainda me deparo com anúncios em rádios ditas legais, onde empresas “procuram pessoas de boa aparência” para determinados cargos, ou ainda, a pouca ou nenhuma representação de negros em comerciais de Tv, âncoras de jornais, novelas. É intrigante, fica parecendo que negro não come, não compra roupa, não acessa internet, não vai a Shopping Center, não lê revista, livros, não gosta de cinema... Particularmente, gostaria de ver um negro associando sua imagem a um lançamento de determinada marca de carro da moda no país, seria interessante!
O grande desafio posto é subverter essa perversidade reinante do Brasil que é ignorar a marca d’África no nosso meio, no sentido da ampliação de atuação do negro nos espaços de decisões políticas. Precisamos ampliar o número de professores negros nas universidades desse país. Não é possível que entre as 20 principais instituições que produzem conhecimento acadêmico no Brasil, com destaque para a UFRGS, UFMG, UNICAMP, UFRJ, USP, UFSCar, UFG, UFRP entre outras, termos cerca de 15.866 docentes, entre os quais, somente 67 negros (dados da Universidade Brasília, Jornal A Tarde, 14 de Outubro de 2007), ou seja, esses números revelam que temos somente (um) 1% de professor negro produzindo conhecimento nas academias do Brasil! Aqui enfatizo que quando me reporto à memória histórica calcada no episódio de Palmares, é porque estou considerando a diversidade reinante no Brasil, estou falando de representantes dos quatro continentes, do encontro de culturas e civilizações provindas da América, Europa, África e Ásia. Isto é, os povos indígenas, os alienígenas de diversos países europeus, árabes, africanos. É por isso que conhecer o Brasil equivale a conhecer a história e a cultura de cada um desses componentes culturais, tentando cercar e captar suas contribuições na sociedade brasileira.
Não vejo melhor caminho para entender a história social e cultural deste país, a não ser começando pelo estudo de suas matrizes culturais: indígena, européia, africana e asiática. É isso, Palmares, na sua radicalidade social e política, foi o primeiro troço do solo brasileiro a se emancipar, temporariamente é verdade, da soberania lusitana num primeiro momento, mas ficou para nós lutadoras e lutadores da África e do Brasil a possibilidade de, a partir do diálogo, mas não menos do enfrentamento, vencer a difícil e complexa dívida histórica e cultural com os povos d’África e para isso, é necessário conhecimento, mas não só aprender história ou geografia, também descobrir que entre Brasil, África, Ásia, Europa há muita coisa em comum, principalmente o combate ao racismo e à injustiça social.
Por: Prof. Roberto Sérgio
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