PNE é sancionado sem vetos
Depois de quase
quatro anos de tramitação, a presidente Dilma Rousseff sancionou o Plano
Nacional de Educação (PNE). Apesar da campanha promovida pela CNTE, não houve
vetos ao § 4º do art. 5º e à estratégia 7.36, ficando aprovadas a destinação de
recursos públicos a entidades privadas e políticas de estímulo às escolas que
melhorarem o desempenho no Ideb.
Em carta à
presidenta Dilma Rousseff, a Confederação Nacional dos Trabalhadores em
Educação pediu que fosse excluída a bonificação às escolas que melhorarem o
Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) e a destinação de parte dos
10% do Produto Interno Bruto (PIB) para programas desenvolvidos em parceria com
instituições privadas. Mas os dois pontos foram mantidos.
O PNE estabelece
meta mínima de investimento em educação de 7% do Produto Interno Bruto (PIB) no
quinto ano de vigência e de 10% no décimo ano. Atualmente, são investidos 6,4%
do PIB, segundo o Ministério da Educação. A questão é que agora entram na conta
dos 10% repasses a entidades privadas em programas como o Universidade para
Todos (ProUni) e o Ciência sem Fronteiras, o Fundo de Financiamento Estudantil
(Fies), além do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego
(Pronatec). O texto originalmente aprovado pela Câmara previa que a parcela do
PIB fosse destinada apenas para a educação pública.
Para a Confederação
Nacional dos Trabalhadores em Educação, dinheiro público tem que ser utilizado
na educação pública. Roberto Franklin de Leão, presidente da CNTE, afirma que é
preciso ficar atento: "Essa decisão abre espaço para uma ampliação das
parcerias público-privadas na área da educação e nós consideramos que é papel
do Estado assumir o investimento da escola pública".
Em entrevista
coletiva nesta quinta (26/6), o ministro da Educação, Henrique Paim, defendeu
esse ponto e disse que, se não houver parceria com instituições privadas, será
difícil avançar. Paim acrescentou que é também uma forma de garantir gratuidade
a todos. “São recursos públicos investidos e devemos ter garantia de acesso a
todos. Se forneço ProUni, Fies e Ciência sem Fronteiras - ações que tem
subsídio ou gratuidade envolvidos - então, estamos gerando oportunidades
educacionais”, disse.
As gratificações da
estratégia 7.36 (ou se já, o dispositivo da meritocracia) também são vistas de
forma negativa pela CNTE: "Esse não é caminho. Vai gerar competição entre
escolas e professores, o que não é bom para quem defende a educação solidária,
democrática e construída de forma coletiva. Isso destrói planos de carreira e
perspectiva de valorização para os trabalhadores".
Um ponto que
desagradou o governo durante as discussões no Congresso e que foi mantido no
texto foi a obrigatoriedade de a União complementar recursos de estados e
municípios, se estes não investirem o suficiente para cumprir padrões de
qualidade determinados no Custo Aluno Qualidade (CAQ). Sobre o CAQ, o ministro
ponderou que primeiro será preciso fazer um grande debate com a participação de
governo, estados, municípios e entidades da área de educação para definir como
calcular o índice. Já a CNTE considera esse ponto uma vitória da sociedade.
Paim também disse
que está contando com os recursos dos royalties do petróleo e do Fundo Social
do Pré-Sal para cumprir as metas estabelecidas, mas reconheceu que o governo
terá que fazer um grande esforço. “Como temos dez anos, precisamos fazer uma
grande discussão, verificar exatamente as fontes que nós temos e ver no que é
preciso avançar. É óbvio que a União terá que fazer um grande esforço, mas
sabemos também que os estados e municípios terão que fazer também um grande
esforço, um esforço conjunto tanto no cumprimento das metas como no
financiamento".
Além do
financiamento, o plano assegura a formação, remuneração e carreira dos
professores, consideradas questões centrais para o cumprimento das demais
metas. Pelo texto, até o sexto ano de vigência, o salário dos professores da
educação básica deverá ser equiparado ao rendimento médio dos demais
profissionais com escolaridade equivalente. Além disso, em dez anos, 50% desses
professores deverão ter pós-graduação. Todos deverão ter acesso à formação
continuada.
O texto ainda
institui avaliações a cada dois anos para acompanhamento da implementação das
metas dos PNE. O ministro Paim, disse que o MEC vai anunciar, em breve, um
sistema para acompanhamento do plano e também de medidas para dar suporte aos
estados e municípios na construção dos planos de educação.
Para Leão, o PNE é um avanço, mas a luta
continua: "Agora estados e municípios não têm mais a desculpa de não ter
plano municipal e estadual porque não há um parâmetro nacional. Mas é
necessário que esses planos se articulem com o plano nacional para construir a
espinha dorsal de um sistema nacional de educação, sem pasteurizar o ensino,
respeitando diferenças regionais, mas dando maior unidade à educação
brasileira”, destaca o presidente da CNTE.
Veja publicação da
Lei nº 13.005 de 25/06/2014 na edição extra de 26/6 do Diário Oficial da União.
(Fonte:
http://www.cnte.org.br/16:39, do dia 26/06/14, com informações da Agência
Brasil)
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