Os ideólogos e jornalistas burgueses e sociais-democratas estão comemorando os 25 anos da contrarrevolução que iniciou a derrocada do socialismo na antiga União Soviética e demais países do Leste europeu. A referência é a derrubada do muro de Berlim, a 9 de novembro de 1989, por eles considerada um dos fatos mais importantes do século passado. Os comunistas, em posição oposta, celebram a passagem dos 97 anos da Revolução de 1917, que transcorre neste 7 de novembro.
Por José Reinaldo
Carvalho*
É um acontecimento
marcante na história da humanidade. Ocorrida em plena guerra (a Primeira Guerra
Mundial), e erguendo a bandeira da paz, a Revolução foi um dos fatores
preponderantes para quebrar uma das frentes do imperialismo mundial.
Igualmente, com a
bandeira de luta pelo pão e pela terra, visando à solução de agudos problemas
das massas populares e à conquista do poder político, a revolução derrocou o
poder da burguesia e dos latifundiários, fez ruir um império retrógrado, levou
o proletariado à criação da sua ditadura de classe, em aliança com o
campesinato e demais setores explorados e oprimidos, e abriu caminho para a
liquidação do capitalismo.
A Revolução de 1917
na Rússia inaugurou nova época na história mundial, a época das revoluções
proletárias, populares e nacional-libertadoras, do poder revolucionário
exercido pelos trabalhadores, da transição do capitalismo ao socialismo. Foi
uma façanha dos povos explorados e oprimidos da antiga Rússia.
Soldados bolcheviques marcham em Moscou |
Este triunfo de
classes sociais emergentes e de forças revolucionárias foi como uma espécie de
chama acesa que passou a inspirar e mover o povo russo nos esforços para a
edificação da nova sociedade socialista e os povos de todo o mundo nas lutas
pela libertação nacional e social.
O novo poder
revolucionário proclamou a paz entre os povos, firmou a condenação à agressão
imperialista, defendeu o princípio da oposição a todo tipo de opressão nacional
e jugo colonial e reconheceu o direito dos povos à autodeterminação nacional e
soberania estatal, num quadro em que o império russo subjugava e oprimia
nacionalidades.
São conhecidos os
fatores objetivos que levaram ao triunfo da revolução. O atraso econômico
colocava a Rússia numa condição de país sem perspectiva nem rumo, mesmo num
quadro em que o czar tinha realizado tímidas reformas econômicas objetivando
certa modernização da sociedade. As contradições de classe na Rússia
agravaram-se enormemente durante a Primeira Guerra Mundial. A fome e a miséria
se alastraram. O campesinato, apesar das graduais mudanças promovidas ao longo
de décadas, era submetido a um regime de exploração semifeudal. Mais do que
outros setores da população, era no campo que se manifestavam as consequências
mais duras da participação russa no conflito.
Um problema
nacional interno corroía as bases do império czarista. As etnias não russas
constituíam mais da metade do império e lutavam pela autodeterminação nacional.
O regime czarista,
absolutista, repressivo, ditatorial, “prisão de povos”, sofria a oposição
política de amplos setores, sendo a guerra o fator decisivo do seu definitivo
desgaste. O exército russo sofria derrotas em combate, seus planos
expansionistas executados manu militari se exauriam, o que levava também à
exaustão política do regime. Formaram-se várias frentes oposicionistas, a liberal
e a popular, que comportava subdivisões. No movimento operário, socialista,
predominavam ainda os sociais-democratas mencheviques, o que garantia uma
hegemonia burguesa e pequeno-burguesa na luta política até a derrocada do Czar,
em fevereiro de 1917.
Meses depois,
contando com a força decisiva da aliança operária-camponesa, os bolcheviques
alteraram a correlação de forças e tomaram o poder.
Mas, se há razoável
consenso sobre os fatores objetivos da revolução russa, quanto aos subjetivos
só há dissensos, contradições, interpretações antagônicas. Quase um século
depois, quando o tema é debatido, o que divide campos são as opiniões sobre a
luta de classes, o objetivo socialista, o caráter do poder político dos
trabalhadores (com tergiversações interesseiras sobre o conceito de ditadura do
proletariado) e o papel do partido comunista.
Por isso mesmo, ao
comemorar o aniversário da revolução, a atual geração de comunistas não pode
deixar de ressaltar que a sua realização foi também uma vitória ideológica,
porquanto confirmou descobertas e conceitos do marxismo-leninismo, teoria
sempre jovem e científica, que se enriquece no compasso do desenvolvimento
histórico.
A Revolução
Soviética triunfou em meio a uma luta sem quartel entre o marxismo-leninismo e
o oportunismo da social-democracia, que havia capitulado à política de guerra e
se deixara cooptar pela burguesia, adotando uma estratégia e uma tática de
conciliação de classes.
A Revolução
Soviética confirmou a tese de que as contradições antagônicas do sistema
capitalista levam inelutavelmente à rebelião das massas populares, em contraste
com as opiniões em voga ontem como hoje, de que o socialismo é uma utopia
irrealizável e as revoluções acontecimentos fortuitos, condenadas ao fracasso,
fruto das conspirações e de aventuras golpistas de pequenos grupos. (...)
*Editor do Portal Vermelho; membro do Secretariado
Nacional do Partido Comunista do Brasil; publicado originalmente no Blog da
Resistência.
(Fonte: http://www.vermelho.org.br, 7 de novembro de
2014)
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