Professores
do Paraná mantêm greve e resistência a desmonte de previdência
Depois de
nova investidas truculentas da PM contra os trabalhadores, ontem, deputados
chegam a falar em possibilidade de "massacre", a mando de Beto Richa.
por Ricardo Gozzi,
Curitiba – A greve dos professores da rede estadual
de ensino do Paraná entrou hoje (29) em seu terceiro dia com adesão
praticamente total da categoria, apesar de logo depois de sua deflagração a
Justiça do Estado ter, a pedido do governador tucano Beto Richa, declarado a
greve "ilegal". Pela decisão, os educadores terão os dias parados
descontados e a APP Sindicato, entidade que representa os professores
estaduais, será multada em R$ 40 mil por dia de paralisação. A APP, por sua
vez, já recorre da decisão.
A segunda greve dos professores paranaenses em
menos de dois meses foi decidida em assembleia, realizada no último sábado em
Londrina, em protesto contra as alterações propostas pelo governo Richa, que
afetarão os servidores estaduais aposentados e pensionistas com mais de 73 anos
de idade. Cálculos indicam que as mudanças reduzirão praticamente pela metade -
de 57 para 29 anos - o tempo de solvência dos fundos de previdência do funcionalismo
público. Na mesma assembleia, os professores lançaram a campanha salarial de
2015.
Esta é a segunda vez este ano que o governo tucano
tenta impor mudanças à previdência dos servidores estaduais. A primeira
tentativa ocorreu em fevereiro, semanas depois de ter declarado que o Paraná
encontrava-se à beira do colapso financeiro.
Na ocasião, os professores e outras categorias do
funcionalismo mobilizaram-se e conseguiram não só forçar o governo a retirar a
proposta de votação na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) como obrigaram
os deputados estaduais a extinguirem a "comissão geral", um artifício
regimental por meio do qual o governo impunha medidas impopulares restringindo
o tempo de debate.
Agora em abril, ao reapresentar as mudanças na
previdência, o governo tucano alegou ter discutido amplamente as mudanças
propostas. Já o Fórum dos Servidores e a oposição ao governo têm outra
interpretação. Das mais de dez emendas apresentadas pelos servidores à proposta
do governo, apenas duas foram acatadas. O deputado estadual Professor Lemos
(PT) qualifica como "monólogo" o que o governo tucano chama de
"diálogo".
Reencaminhado à Alep em regime de urgência, o
projeto deve terminar de tramitar hoje. Ao longo desta quarta-feira, o texto
deve passar pela Comissão de Constituição e Justiça, ser votado em segundo
turno em sessão ordinária, passar por terceiro turno em sessão extraordinária e
ser encaminhado ainda hoje para redação final.
A aprovação é dada como certa tanto por deputados
governistas quanto de oposição, mas os servidores prometem fazer barulho. Ainda
não se sabe se o cordão de isolamento imposto pela polícia ao redor da Alep já
na manhã da segunda-feira (27) será levantado hoje, nem se populares serão
autorizados a acompanhar das galerias a votação.
Ontem, a polícia usou balas revestidas de borracha,
canhões d'água, bombas de gás e spray de pimenta para deter uma marcha dos
servidores. Num determinado momento, até a chave do caminhão de som da APP
Sindicato sumiu.
O presidente da APP, Hermes Leão, acusa Beto Richa
de ter instalado uma "ditadura" no Paraná. O deputado Lemos lembra
que nem na época da ditadura civil-militar o acesso à Alep chegou a ser
fechado. Já o governador tucano acusa a APP e a CUT de atuarem como
"braços do PT" e exige a imediata retomada das aulas.
Hoje pela manhã, caravanas de professores oriundas
de todos os cantos do Paraná começaram a chegar a Curitiba para uma
concentração em frente à Alep. As entidades sindicais esperam pelo menos 20 mil
no protesto. Como a PM concentrou cerca de 4 mil soldados no Centro Cívico de
Curitiba, o clima promete ser de tensão.
O presidente da Alep, Ademar Traiano (PSDB),
considera justificada a forte presença policial e as galerias vazias. Segundo
ele, o fato de os servidores terem invadido a Alep em fevereiro durante
protesto contra o ajuste fiscal de Beto Richa é base "mais que
suficiente" para uma medida "preventiva".
Já o deputado Tadeu Veneri (PT), líder da oposição,
é a favor não apenas da abertura da Alep para o povo como do fim do cordão de
isolamento policial. "Dada essa situação, temo por um massacre",
advertiu.
Posicionado na rampa da Alep para
capturar imagens dos manifestantes, um cinegrafista ironizou: "A polícia
tem que ficar pra proteger o povo desses caras que estão aqui dentro".
(Fonte:
http://www.redebrasilatual.com.br/educacaopublicado 29/03/2015)
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