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domingo, 15 de agosto de 2010

Crise causou recorde mundial de desemprego entre jovens, diz OIT

A Organização Internacional do Trabalho divulgou hoje que a taxa global de desemprego juvenil atingiu seu maior nível já registrado e deverá aumentar até o final do ano. O relatório “Tendências Mundiais de Emprego para a Juventude 2010” afirma que de cerca de 620 milhões de jovens economicamente ativos com idade entre 15 e 24 anos, 81 milhões estavam desempregados no final de 2009. A taxa de desemprego entre os jovens aumentou de 11,9%, em 2007, para 13%.
Segundo as projeções da OIT, a taxa de desemprego global da juventude deverá continuar a aumentar durante o ano de 2010, para 13,1%, seguida por um declínio moderado para 12,7% em 2011. Para o organismo das Nações Unidas, a recuperação do mercado de trabalho de jovens provavelmente ficará atrás da dos adultos.
O relatório estima que 152 milhões de jovens (28% dos trabalhadores jovens do mundo) tinham trabalho mas estavam em situação de extrema pobreza, em famílias que sobreviviam com menos de US$ 1,25 por pessoa por dia em 2008. “As consequências da crise econômica e financeira ameaçam agravar os pré-existentes déficits de trabalho decente entre os jovens. O resultado é que o número de jovens em trabalhos precários cresce e este ciclo pode persistir por pelo menos mais uma geração”, disse o diretor geral da OIT Juan Somavia. A data do relatório foi escolhida para coincidir com o lançamento do Ano Internacional da Juventude da ONU, neste 12 de agosto.
De acordo com a OIT, nas economias em desenvolvimento, a crise aumenta as fileiras do emprego vulnerável e no setor informal. Na América Latina, entre 2008 e 2009, o número de trabalhadores por conta própria aumentou 1,7% e o número de trabalhadores familiares 3,8%. A região também experimentou um aumento na proporção de adolescentes envolvidos em emprego no setor informal durante a crise.
Seguem outros números do relatório:
- Entre 2008 e 2009, a taxa de desemprego juvenil aumentou em 1 ponto percentual, marcando a maior variação anual sobre os 20 anos de estimativas disponíveis global e invertendo a tendência pré-crise das taxas de desemprego juvenil, que estavam em declínio desde 2002.
- Em 2008, os jovens representaram 24% dos pobres do mundo de trabalho, diante de 18,1% do emprego total global.
- As mulheres jovens têm mais dificuldade do que os homens jovens para encontrar trabalho. A taxa de desemprego das mulheres jovens em 2009 foi de 13,2% em comparação com a taxa masculina de 12,9%.
Brasil – O relatório não traz dados específicos sobre cada país. Contudo, é possível ver números da OIT para o trabalho juvenil no país no relatório “Trabalho Decente e Juventude no Brasil”, lançado em julho do ano passado pela OIT. Nele, a instituição afirma que uma parte significativa da juventude brasileira apresenta grandes dificuldades de conseguir uma inserção de boa qualidade no mercado de trabalho. Que frequentemente esta inserção é marcada pela precariedade, o que torna difícil a construção de trajetórias de trabalho decente. Alguns dados desse relatório:
- A incidência do emprego sem carteira de trabalho assinada, excetuando o trabalho doméstico, é maior para os jovens do sexo masculino (35,7% de sua ocupação total) do que para as jovens do sexo feminino (25,2% de sua ocupação total). Contudo, a precariedade da ocupação das jovens trabalhadoras adquire outras formas: o trabalho doméstico sem carteira de trabalho assinada respondia por 14,8% da sua ocupação total. A importância relativa do trabalho doméstico como um todo (com e sem carteira) para as jovens era muito similar ao que ocorre no caso das mulheres adultas, o que evidencia o peso do trabalho doméstico no total do emprego feminino, situação que se reproduz ao longo de gerações. No entanto, o exercício dessa ocupação no caso das jovens se dá em uma situação ainda mais precária, já que, entre elas, a porcentagens das que trabalham sem carteira assinada (89,3%) era bastante superior ao das adultas (68,6%).
- A taxa de participação dos jovens de 15 a 24 anos no Brasil em 2006 era de 63,9%. Isso significa que cerca de 2 em cada 3 jovens estava trabalhando ou buscando ativamente um trabalho. Na faixa de 15 a 19 anos essa relação caía para 1 em cada 2 jovens (50,4%), e, na faixa de 20 a 24 anos elevava-se para cerca de 3 em cada 4 jovens (77,5%). A taxa de participação é maior para os homens do que para as mulheres e para os brancos e negros do que para os indígenas e amarelos. É significativamente superior para os jovens que vivem na zona rural do que na urbana entre os 15 e os 19 anos.
Fonte: Blog do Sakamoto

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