O Portal Vermelho foi atrás das principais entidades do movimento educacional para saber o que propõem. Madalena Guasco, coordenadora geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores em estabelecimentos de Ensino (Contee), Yann Evanovick, presidente da União Braisleira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), Júlio Neto, diretor de políticas educacionais da Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG) e Sérgio Haddad, da ONG Ação Educativa, falam sobre o modelo educacional brasileiro.
Entidades defendem um sistema nacional articulado de educação e debatem outras pautas que tiveram destaque na Conferência Nacional de Educação
Segundo pesquisa da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), o perfil mais comum do profissional da educação é o de uma mulher de meia idade que normalmente realiza sozinha as tarefas domésticas e leva (bastante) serviço para casa. Gosta de ler, mas tem pouco acesso a cinema, teatro e à internet. O simples perfil médio dos profissionais da educação já serviria para identificar limitações e desafios relacionados às condições de trabalho dos professores, mas as entidades do movimento educacional têm muito mais a dizer acerca da educação no Brasil.
O consenso que pode ser observado nas falas das entidades educacionais é de que o modelo de educação precisa passar por uma transformação a fim de tornar a escola um ambiente mais atrativo e democrático. Por outro lado, maciços investimentos são necessários também para que a formação do Ensino Básico cumpra papel real para o desenvolvimento do país e para que o Ensino Superior seja universalizado.
Para Sérgio Haddah o principal desafio é a melhoria da qualidade do ensino básico, o que “não é um desafio simples de ser superado, pois é condicionado a muitos e interligados fatores”. O dirigente da Ação Educativa pauta a necessidade de “constituição de um sistema nacional de educação, já que a educação básica está nas mãos dos estados e municípios, com todas as suas diversidades e desigualdades”.
Madalena Guasco (ao microfone): “não cumprimos sequer as metas republicanas na educação brasileira”
Metas republicanas
Madalena Guasco é bastante objetiva em sua constatação: “não cumprimos sequer as metas republicanas na educação brasileira”, referindo-se ao fato do Brasil não ter conseguido universalizar a educação superior pública e nem o ensino médio. A professora da PUC-SP avalia ainda que o processo de universalização do ensino fundamental resultou em uma escola de péssima qualidade e alto índice de evasão, além de destacar a grande deficiência ainda existente no ensino infantil.
Em relação à evasão, o diretor da ANPG Júlio Neto enfatiza que “a escola contemporânea deve ter outros paradigmas que não sejam os da opressão, da discriminação, mas que dê protagonismo aos jovens”. O presidente da Ubes destaca que o reduzido número de creches existentes no país tem impacto importante no debate do direito a trabalho e educação das jovens mulheres.
Analfabetismo
Yann lembra de um outro problema que considera central ao se tratar de educação no Brasil: o analfabetismo. Yann destaca que países da América Latina com economias mais pobres que o Brasil já conseguiram erradicar o analfabetismo, e cita a Venezuela como exemplo.
Sobre o ensino médio, o presidente da Ubes considera que hoje a modalidade não cumpre sua função: “o Ensino Médio precisa ser completamente reformulado, para que seja participativo, atrativo, com cultura e esporte, além disso precisa oferecer a perspectiva de entrada no mercado de trabalho”. Yann acredita ainda que é preciso investir no ensino técnico, mas ressalta que não há rubrica específica para a modalidade. A Ubes apoia Emenda Constitucional que tramita no Senado com o objetivo de vincular um percentual do Orçamento da Educação ao Ensino Técnico.
Como forma de oferecer perspectiva aos estudantes do ensino médio público e também democratizar o acesso à universidade, a Ação Educativa aposta em ações afirmativas: “precisamos de políticas afirmativas para romper com o ciclo de reprodução das desigualdades na educação”, comenta Sérgio Haddad.
Valorização do professor
Além das constatações de necessidade de ampliação de vagas no ensino infantil, no médio, no técnico e no superior e da necessidade de estabelecimento de um sistema integrado de educação no país, as entidades advogam a importância da valorização do profissional da educação na busca de uma educação de qualidade.
“Os desafios são muitos e na busca pela superação de uns, caímos em outros. O Brasil avançou na universalização da educação básica, mas isto se deu com a precarização do trabalho em educação, da docência e das condições de ensino e aprendizagem. Devemos lutar pela valorização do ambiente escolar desde as suas estruturas físicas até as questões de salário e carreira dos professores”, afirma Júlio Neto.
A Ação Educativa teve atuação destacada durante a Conae
Na mesma linha, Sérgio Haddad avalia que “não é possível melhorar a qualidade do ensino sem uma valorização do magistério, sem que as universidades públicas abram seus espaços de formação para os professores que irão entrar ou já estão nas redes de ensino; sem mais investimentos financeiros, sem pesquisa, etc”.
Fonte: Luana Bonone
Entidades defendem um sistema nacional articulado de educação e debatem outras pautas que tiveram destaque na Conferência Nacional de Educação
Segundo pesquisa da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), o perfil mais comum do profissional da educação é o de uma mulher de meia idade que normalmente realiza sozinha as tarefas domésticas e leva (bastante) serviço para casa. Gosta de ler, mas tem pouco acesso a cinema, teatro e à internet. O simples perfil médio dos profissionais da educação já serviria para identificar limitações e desafios relacionados às condições de trabalho dos professores, mas as entidades do movimento educacional têm muito mais a dizer acerca da educação no Brasil.
O consenso que pode ser observado nas falas das entidades educacionais é de que o modelo de educação precisa passar por uma transformação a fim de tornar a escola um ambiente mais atrativo e democrático. Por outro lado, maciços investimentos são necessários também para que a formação do Ensino Básico cumpra papel real para o desenvolvimento do país e para que o Ensino Superior seja universalizado.
Para Sérgio Haddah o principal desafio é a melhoria da qualidade do ensino básico, o que “não é um desafio simples de ser superado, pois é condicionado a muitos e interligados fatores”. O dirigente da Ação Educativa pauta a necessidade de “constituição de um sistema nacional de educação, já que a educação básica está nas mãos dos estados e municípios, com todas as suas diversidades e desigualdades”.
Madalena Guasco (ao microfone): “não cumprimos sequer as metas republicanas na educação brasileira”
Metas republicanas
Madalena Guasco é bastante objetiva em sua constatação: “não cumprimos sequer as metas republicanas na educação brasileira”, referindo-se ao fato do Brasil não ter conseguido universalizar a educação superior pública e nem o ensino médio. A professora da PUC-SP avalia ainda que o processo de universalização do ensino fundamental resultou em uma escola de péssima qualidade e alto índice de evasão, além de destacar a grande deficiência ainda existente no ensino infantil.
Em relação à evasão, o diretor da ANPG Júlio Neto enfatiza que “a escola contemporânea deve ter outros paradigmas que não sejam os da opressão, da discriminação, mas que dê protagonismo aos jovens”. O presidente da Ubes destaca que o reduzido número de creches existentes no país tem impacto importante no debate do direito a trabalho e educação das jovens mulheres.
Analfabetismo
Yann lembra de um outro problema que considera central ao se tratar de educação no Brasil: o analfabetismo. Yann destaca que países da América Latina com economias mais pobres que o Brasil já conseguiram erradicar o analfabetismo, e cita a Venezuela como exemplo.
Sobre o ensino médio, o presidente da Ubes considera que hoje a modalidade não cumpre sua função: “o Ensino Médio precisa ser completamente reformulado, para que seja participativo, atrativo, com cultura e esporte, além disso precisa oferecer a perspectiva de entrada no mercado de trabalho”. Yann acredita ainda que é preciso investir no ensino técnico, mas ressalta que não há rubrica específica para a modalidade. A Ubes apoia Emenda Constitucional que tramita no Senado com o objetivo de vincular um percentual do Orçamento da Educação ao Ensino Técnico.
Como forma de oferecer perspectiva aos estudantes do ensino médio público e também democratizar o acesso à universidade, a Ação Educativa aposta em ações afirmativas: “precisamos de políticas afirmativas para romper com o ciclo de reprodução das desigualdades na educação”, comenta Sérgio Haddad.
Valorização do professor
Além das constatações de necessidade de ampliação de vagas no ensino infantil, no médio, no técnico e no superior e da necessidade de estabelecimento de um sistema integrado de educação no país, as entidades advogam a importância da valorização do profissional da educação na busca de uma educação de qualidade.
“Os desafios são muitos e na busca pela superação de uns, caímos em outros. O Brasil avançou na universalização da educação básica, mas isto se deu com a precarização do trabalho em educação, da docência e das condições de ensino e aprendizagem. Devemos lutar pela valorização do ambiente escolar desde as suas estruturas físicas até as questões de salário e carreira dos professores”, afirma Júlio Neto.
A Ação Educativa teve atuação destacada durante a Conae
Na mesma linha, Sérgio Haddad avalia que “não é possível melhorar a qualidade do ensino sem uma valorização do magistério, sem que as universidades públicas abram seus espaços de formação para os professores que irão entrar ou já estão nas redes de ensino; sem mais investimentos financeiros, sem pesquisa, etc”.
Fonte: Luana Bonone
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