Uma rara
foto do corpo do guerrilheiro Carlos Lamarca (1937-1971) revela os vários
ferimentos a bala que ele sofreu no cerco militar que o matou, no interior da
Bahia.
Essa e outras imagens de um dos principais nomes da resistência armada à ditadura militar, hoje sob a guarda do Arquivo Nacional, foram tiradas no Instituto Médico Legal de Salvador (BA) possivelmente por agentes do SNI (Serviço Nacional de Informações).
"Para mim, a foto é inédita, eu nunca a tinha visto", disse o advogado da família Lamarca, o ex-deputado Luiz Eduardo Greenhalgh. O filho de Lamarca, César, preferiu não fazer comentários sobre o conteúdo das imagens.
Essa e outras imagens de um dos principais nomes da resistência armada à ditadura militar, hoje sob a guarda do Arquivo Nacional, foram tiradas no Instituto Médico Legal de Salvador (BA) possivelmente por agentes do SNI (Serviço Nacional de Informações).
"Para mim, a foto é inédita, eu nunca a tinha visto", disse o advogado da família Lamarca, o ex-deputado Luiz Eduardo Greenhalgh. O filho de Lamarca, César, preferiu não fazer comentários sobre o conteúdo das imagens.
A família
luta na Justiça para validar a indenização mensal recebida da União, suspensa
após liminar obtida por três clubes militares. O Arquivo Nacional também guarda
fotos do corpo de José Campos Barreto, o Zequinha, militante do MR-8 morto com
Lamarca no mesmo dia pela Operação Pajussara, do Exército, na Bahia.
Segundo a
família de Zequinha, as fotos são inéditas. O irmão Olival Barreto disse ter
ficado emocionado: "Eu lembro de meu irmão todos os dias. Essas fotos,
desconhecidas, mostram claramente que houve uma execução". O Instituto
Zequinha Barreto, em São Paulo, confirma o ineditismo das fotos.
A
ativista de direitos humanos Suzana Lisboa, que representou as famílias de
mortos e desaparecidos na comissão criada pelo governo nos anos 1990 para
reparar danos causados pelo Estado na ditadura, disse que as imagens
"confirmam o estado depauperado de ambos".
"Não
tenho nenhuma dúvida sobre a execução deles." A comissão concluiu que
Lamarca e Zequinha foram executados à sombra de uma árvore.
Raul Amaro Nin Ferreira
O Arquivo
Nacional também liberou imagens que confirmam que o engenheiro Raul Amaro Nin
Ferreira (1944-1971) estava em boas condições de saúde quando foi preso pelo
Dops do Rio de Janeiro, em 1971.
Onze dias
depois da foto, em 12 de agosto daquele ano, Ferreira morreu no Hospital
Central do Exército, para onde foi transferido após ter sido torturado no DOPS.
Ferreira
havia sido parado em uma blitz policial e, dias depois, entregue ao Exército.
Em sua casa, a polícia apreendeu textos considerados "subversivos".
Em 1994,
em decorrência de uma batalha legal empreendida pela família, uma decisão da 9ª
Vara Federal do Rio responsabilizou o Estado por sua prisão, tortura e morte.
Ferreira aparece nas fotos sem qualquer marca de violência. Sua irmã, a professora Maria Coleta Oliveira, se disse surpresa com a existência das imagens, já que a família havia feito inúmeras buscas em arquivos oficiais.
Ferreira aparece nas fotos sem qualquer marca de violência. Sua irmã, a professora Maria Coleta Oliveira, se disse surpresa com a existência das imagens, já que a família havia feito inúmeras buscas em arquivos oficiais.
"Na
versão oficial, não disseram que ele sofreu tortura, mas que teve uma doença no
fígado, porque tinha manchas no corpo. Na verdade [quando foi preso], estava em
perfeitas condições de saúde."
No livro
"Os Anos de Chumbo" (ed. Relume Dumará, 1994), o general Adyr Fiúza
de Castro, do I Exército, reconheceu que Ferreira morreu em decorrência das
torturas: "Quando foi entregue ao Exército, estava com umas marcas, havia
sido chicoteado com fio no DOPS".
A
ex-integrante da Comissão de Mortos e Desaparecidos do governo federal Suzana
Lisboa disse que a foto "é documento oficial que comprova que ele foi
assassinado após ter sido preso".
Fonte: Folha de S.Paulo
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