Mulher, negra, comunista,
militante dos movimentos sociais (juvenis, antirracistas e feministas), líder
na luta pelos direitos civis dos negros e contra o racismo, a professora de filosofia
Ângela Yvonne Davis nasceu no dia 26 de janeiro de 1944, em Birmingham, no
estado do Alabama, sul dos Estados Unidos, lugar onde eram comuns manifestações
racistas de ódio contra negros, rixas, xingamentos, linchamentos, atos
segregacionistas e ações terroristas promovidas pela Ku Klux Klan.
Angela Davis desde
cedo conviveu com humilhações de cunho racial em sua cidade. Aos 12 anos, participou
de um boicote a um ônibus que praticava segregação. Inteligente e estudiosa, aos
14 ganhou uma bolsa para estudar em Greenwich Village, em Nova Iorque, fato que
transformaria sua vida, pois é ai ela conhece as teses comunistas e inicia a
sua militância no movimento estudantil. A moça era simplesmente brilhante! Não
tardou e logo se tornou estudante da Universidade de San Diego, na Califórnia, participando
ativamente dos protestos contra a Guerra do Vietnã, sendo presa primeira vez.
Na década de 1960, além
da militância no Partido Comunista participou ativamente das lutas dos
movimentos negros e feministas que sacudiram a sociedade norte-americana da
época, atuando organizações políticas como a dos Black Power e dos Blacks
Panthers (panteras Negras).
Vale salientar que
na época (década de 1960), nos Estados Unidos, havia duas tendências dominantes no
movimento negro: uns pregavam o uso da violência como tática de luta nos
protestos e revoltas negras, como as de Watts ou as de Detroit; Outros, mais
moderados, como Martin Luther King, preferiam a via pacífica, pregando o
“integracionismo". Angela rejeita as duas posições e trilha pelo caminho
do marxismo como luta política.
Angela, ingressa ainda
no Black Panther Party (BPP), ou
Partido dos Panteras Negras, que era uma organização revolucionária,
inicialmente pacífica, criada em 1966 por Bobby Seale e Huey P. Newton, dois
estudantes de Oakland, Califórnia, que rejeitava tanto a moderação dos
integralistas quanto o radicalismo exacerbado dos separatistas. Influenciados pelos
ideais revolucionários de outro líder negro ilustre, Malcolm X, os “The Black Panthers” endureceram suas
posições e passaram a responder com violência à violência praticada pelos
brancos contra negros, adotando o símbolo da pantera negra.
Em 1970, George Jackson, membros dos Panteras Negras, estava encarcerado na prisão Soledad, na Califórnia, onde formava, com mais dois outros detentos, os "Irmãos de Soledad", acusados de matar um guarda penitenciário branco em retaliação à execução de outros três detentos negros. Então, no dia 7 de agosto daquele ano, numa ação armada de luta para denunciar os maus-tratos a negros nos presídios americanos, o irmão de 17 anos de George, Jonathan, invadiu o tribunal de Marin County e tomou o juiz Harold Haley como refém. Houve luta. Quatro são mortos, inclusive Jackson e Haley. A polícia examina a arma. O relatório acusa: o fuzil de cano cortado cuja bala atingiu a cabeça do juiz pertencia a Angela Davis.
Em 1970, George Jackson, membros dos Panteras Negras, estava encarcerado na prisão Soledad, na Califórnia, onde formava, com mais dois outros detentos, os "Irmãos de Soledad", acusados de matar um guarda penitenciário branco em retaliação à execução de outros três detentos negros. Então, no dia 7 de agosto daquele ano, numa ação armada de luta para denunciar os maus-tratos a negros nos presídios americanos, o irmão de 17 anos de George, Jonathan, invadiu o tribunal de Marin County e tomou o juiz Harold Haley como refém. Houve luta. Quatro são mortos, inclusive Jackson e Haley. A polícia examina a arma. O relatório acusa: o fuzil de cano cortado cuja bala atingiu a cabeça do juiz pertencia a Angela Davis.
Angela Davis, então,
passou a ser acusada de conspiração, sequestro e homicídio. O FBI, dirigido
pelo anticomunista e segregacionista Edgard Hoover, tenta a todo custo
desqualificar e desmantelar os Panteras Negras acusando-os de subversão ao
Governo Norte-Americano, apontando Angela como mentora intelectual das ações do
grupo. O FBI sai à procura de Angela e a inscreve na lista das dez pessoas mais
procuradas nos Estados Unidos, a famosa Lost Wanted List. Ela foge. Por quê?
"Teria sido morta", afirma Angela hoje. Hoover manda prender centenas
de mulheres que se parecem com ela.
Angela foi alvo de
uma das maiores e implacáveis caçadas humanas do país na época, acompanhada dia
a dia pela mídia até ser presa em outubro em Nova Iorque. Amada pelo povo e
pela juventude e odiada pelos governantes e pela polícia política de seu país,
segue Angela Davis.
Sua foto seria
estampada em praça pública pelo FBI num cartaz que dizia “WANTED BY THE FBI: MURDER, KIDNAPING” (Procurada pelo FBI
por assassinato e sequestro). Ela se disfarça. A polícia revista as comunidades
negras. No sul do país, milhares de casas em contrapartida exibem um cartaz com
as frases “Angela Davis. Sister: You Are
Welcome in This House” (Angela Davis. Irmã: Você é bem-vindo nesta casa). Mas
o FBI tem mãos de ferro, sua prisão é só questão de tempo.
Nos Estados Unidos,
o presidente Richard Nixon a amaldiçoava. Ronald Reagan, governador da
Califórnia, tentou expulsá-la para sempre de qualquer universidade do estado. O
chefe do FBI, Edgar J. Hoover lança suas tropas para caçá-la e jogá-la numa
prisão de isolamento absoluto.
Angela, finalmente,
é presa em Nova York, em outubro de 1970, protagonizando um dos mais polêmicos
e famosos julgamentos criminais da recente história dos Estados Unidos. Sua
luta política alcançaria notoriedade mundial. Seu julgamento durou meses, colocando
uma mulher negra, jovem, culta, assessorada por uma equipe brilhante de
advogados, no centro das atenções da imprensa nacional num paralelo que só
seria igualado décadas depois pelo julgamento de O. J. Simpson. Nos longos
debates na corte, não apenas o caso criminal envolvido veio à tona, mas uma
grande discussão sobre a condição negra na sociedade norte-americana foi
travada.
A prisão da
ativista juvenil causaria uma onda de protestos e manifestações diárias que
sacudiu os Estados Unidos por sua libertação e absolvição, transmitidos ao vivo
pela televisão. Nas principais cidades norte-americanas explodem protestos e
manifestações de apoio a Angela exigindo sua liberdade.
Protestos de apoio
à ativista ocorrem em várias partes do mundo. Em Paris, 100 mil pessoas saem às
ruas gritam o seu nome e exigindo sua libertação, numa manifestação liderada
por Jean-Paul Sartre e do poeta Louis Aragon. Na Inglaterra, os Beatles e os
Stones entusiasmavam as multidões cantando "a
pantera negra".
Enquanto o mundo clamava
“Libertem Angela Davis” a mesma
permaneceria presa, em isolamento absoluto, durante 16 meses. "Eles queriam me quebrar”, ela
diria mais tarde. “Me enlouquecer (...)
Vivi momentos muito duros, de angústia, de claustrofobia. E momentos de graça.
Eu não podia desabar."
Na época a voz de
Angela era quase era contundente em associar e unificar, dentro da mesma palavra
de ordem, a luta pela dignidade dos negros e a emancipação feminina. Angela cita
que havia um machismo nos movimentos. “As
mulheres não eram consideradas capazes de carregar a causa, de serem
líderes." Seria não conhecer bem Angela acreditar que ela iria se
limitar, nas organizações negras, à tarefa de passar o pano no chão ou preparar
a marmita dos senhores.
Livre e vitoriosa,
Angela viajou para Cuba, seguindo os passos de seus amigos, os ativistas
radicais Huey Newton e Stokely Carmichael. A recepção popular na Ilha de Fidel foi
tão entusiástica que ela mal pôde discursar.
Guerreira, mulher
de muita dignidade, sabedoria e experiência de luta, Angela permaneceu firme no
ativismo político, escrevendo diversos livros dedicados à denúncia as condições
carcerárias do Sistema Carcerário em seu país, defendendo como solução sua
extinção pela criação de modelo de adoção de penas alternativas. Angela não se
considera uma reformista prisional, mas uma abolicionista do “complexo
industrial de prisões” de seu país transformado em centro de prisão e punição de
negros e latinos, cuja causa atribui à origem de classe e de raça dos apenados
e à herança escravocrata do período colonial.
Angela nunca
abandonou seus ideais comunistas e sua militância política, candidatando-se a
vice-presidente dos Estados Unidos por duas vezes (em 1980 e 1984) pelo Partido
Comunista sem obter sucesso, mas firmando sua bandeira contestatória.
A América mudou
muito desde o tempo em que a menina de 12 anos boicotava um ônibus porque os
negros não tinham o direito de andar ao lado dos brancos nos transportes
públicos. Angela reconhece os progressos. Em sua juventude, raros eram os
negros no ensino superior. Hoje, eles são milhões. Mas “a estrada é longa ainda”, indaga.
Diante da
observação de que uma coisa inacreditável aconteceu, a eleição de um negro para
a Presidência dos Estados Unidos, Angela modera no entusiasmo. "Hoje, ninguém na Casa Branca parece se
preocupar com o fato de que 1 milhão de negros estão nas prisões
americanas."
Como professora de
filosofia na Universidade da Califórnia, que Nixon (Presidente dos Estados
Unidos) e Reagan (então governador da Califórnia) tentaram lhes proibir, no
auge de seus 71 anos, ela continua a ensina as teorias de Karl Marx, Herbert
Marcuse, Mikhail Bakunin, Herbert Marcuse..., dividindo seu tempo com palestras
que ministra pelo mundo afora, sempre que é convidada.
(Pesquisa bibliográfica realizada por Hugo Martins)
FONTEs CONSULTADAS:
http://pt.wikipedia.org, entre outras.
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