A luta continua, no
embate entre o trabalho e o capital
A
classe trabalhadora brasileira sofreu na última quarta-feira (22), nova derrota
na Câmara Federal, com a aprovação da chamada emenda aglutinativa ao Projeto de
Lei 4330, que permite a terceirização ampla e ilimitada da força de trabalho,
incluindo a atividade fim nas empresas privadas.
Em relação ao
projeto anterior aprovado na semana passada, os destaques votados na sessão
desta quarta-feira só beneficiam os empresários e prejudicam fortemente o
trabalhador. Abre-se uma nova era nas relações trabalhistas no Brasil, de
salários ínfimos, precarização máxima e enorme insegurança para os
trabalhadores.
A decisão foi
tomada com 230 votos favoráveis, 203 contrários e quatro abstenções. Partidos
como PSDB, DEM, Solidariedade, PMDB, PP, PTB, e PPS, formaram neste embate a
bancada de inimigos dos assalariados. Passam à história como aqueles que
assestaram o maior golpe nos direitos dos trabalhadores em mais de sete
décadas, dando um passo significativo para desmontar a Consolidação das Leis do
Trabalho (CLT), herança benigna da chamada era Vargas, que os neoliberais e
conservadores estão empenhados em liquidar desde os governos de Collor e FHC. O
projeto da terceirização contou também com o ativo apoio de uma central, a
Força Sindical, que fez da traição de classe a sua marca distintiva, e das
entidades patronais, destacadamente a Federação das Indústrias do Estado de São
Paulo (Fiesp), que investiram rios de dinheiro numa nauseante e mentirosa
campanha publicitária em que tentaram demonstrar que a precarização –
verdadeiro sentido do projeto 4330 – é benéfica aos trabalhadores.
Do outro lado do
embate, postaram-se com nítida posição classista o PCdoB, o PT, o PSOL,
reforçados agora pela positiva mudança de posição do PSB e do PDT, sensíveis ao
clamor das ruas. A Liderança comunista na Câmara, ao encaminhar o voto da
bancada, destacou que se tratava de uma luta entre o trabalho e o capital. Na
esfera sindical, foi ativa a posição da Central dos Trabalhadores e
Trabalhadoras do Brasil (CTB) e da Central Única dos Trabalhadores (CUT),
esclarecendo, mobilizando, resistindo e lutando contra o desmedido ataque aos
direitos laborais.
A decisão da Câmara
de aprovar um projeto de lei frontalmente contrário aos interesses da classe
trabalhadora, cujo único propósito é maximizar os lucros capitalistas
aumentando o grau de exploração da força de trabalho, é um divisor de águas, um
sinal dos tempos e uma clara indicação do caráter de classe burguês do
Parlamento.
Ressalte-se que o
empresariado atuou consciente, em plena ofensiva, unido e mobilizado, ao passo
que na classe trabalhadora, em defensiva, além da divisão e da traição, pesou a
desinformação, a despolitização, a influência do pensamento midiático e da
ideologia burguesa.
A luta em torno do
Projeto de Lei 4330 ainda não acabou. Tem mais um caminho longo a percorrer,
uma etapa a ser cumprida no Senado e a sanção presidencial. Fora do Parlamento,
a luta continua, com novas jornadas de luta, paralisações parciais, greves,
mobilizações de diferentes tipos, as manifestações do Primeiro de Maio e até
mesmo uma greve geral pode ser convocada pelas centrais sindicais classistas.
Para as forças de
vanguarda da esquerda, especialmente os comunistas e as centrais sindicais
classistas, o desafio é despertar a consciência de classe nas massas
assalariadas submetidas à brutal ofensiva dos capitalistas. Só ampliando e
intensificando a mobilização é que as forças comprometidas com os interesses da
classe trabalhadora conseguirão impedir o retrocesso. Não resta outro caminho
senão o da conscientização, mobilização e luta.
(Fonte: http://www.vermelho.org.br/noticia,
publicado em 23 de abril de 2015)
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