MULTA PARA
PATRÃO QUE NÃO ASSINAR CARTEIRA DE DOMÉSTICA
Por Karine Melo -
Repórter da Agência Brasil
Desde o dia 7 de agosto, último, que a informalidade do
trabalhador doméstico pode resultar em multa de até R$ 805,06 para o patrão. A
previsão está na Lei 12.964/14. Segundo
dados da Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio (Pnad) 2012, do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dos 6,35 milhões de domésticos no
Brasil, 4,45 milhões (70% da categoria) são informais.
O Ministério do Trabalho fará a fiscalização por meio
de denúncias. Para fazer uma denúncia, o trabalhador, um parente ou pessoa
próxima deve procurar uma unidade regional do ministério - Agência do
Trabalhador, Delegacia do Trabalho, Superintendência Regional do Trabalho -
onde terá de preencher um formulário com os dados do empregador. O patrão será
notificado a comparecer a uma Delegacia do Trabalho para prestar
esclarecimentos. “Caso o empregador não compareça, a denúncia será encaminhada
ao Ministério Público do Trabalho para que tome as providências cabíveis”,
garantiu o coordenador-geral de Recursos, da Secretaria de Inspeção do Trabalho,
Roberto Leão.
Segundo ele, não haverá fiscalização nas residências.
"Em momento nenhum a gente vai fiscalizar a casa das pessoas. De acordo
com o Artigo 5º da Constituição Federal, o lar é inviolável. As pessoas não
podem ingressar a não ser que tenham autorização judicial”, esclareceu à
Agência Brasil.
Para Leão, a existência de multa tem grande caráter
pedagógico. “A partir do momento em que existe uma penalidade que pode ser
aplicada ao patrão, isso é um incentivo para que as pessoas regularizem a
situação porque até agora isso não existia. Até agora, o único risco que
existia ao empregador era o trabalhador ingressar em juízo. A gente entende que
isso incentiva a formalização dos vínculos”, avalia.
De acordo com o presidente do Instituto Doméstica
Legal, Mário Avelino, a expectativa é que o número de formalizações aumente de
10% a 15%, já que a informalidade “vai ficar mais cara”. Segundo ele, o fato de
a multa começar a vigorar já "quebra a espinha de uma cultura
patriarcal". “A lei trabalhista doméstica
sempre foi [benéfica] para o patrão. A lei determina o direito, mas não [prevê
casos em] que ela for descumprida, por isso a informalidade é tão alta”,
lembra.
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