PLEBISCITO PELA REFORMA POLÍTICA VOLTA À TONA
Movimentos
organizam consulta à sociedade entre 1º e 7 de setembro, em meio a um período
eleitoral guiado por influência das doações privadas, e esperam fomentar debate
que não será feito no Congresso.
Por Eduardo
Mareti
O movimento pelo
Plebiscito Popular por uma Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema
Político entrou na reta final no último dia 12 com um ato no centro de São
Paulo e objetivo de colocar na agenda nacional muito mais do que faz supor a
única pergunta que os cidadãos irão responder na consulta, marcada para ocorrer
entre os dias 1° e 7 de setembro: "Você é a favor de uma Constituinte
Exclusiva e Soberana sobre o sistema político?"
Segundo a
Secretaria Operativa Nacional do movimento, 373 entidades – movimentos sociais
e sindicais, associações e partidos políticos – trabalham pelo plebiscito. Já
foram criados cerca de mil comitês populares no país. Os ativistas que
trabalham no movimento e, consequentemente, por uma reforma política ampla e
com participação popular, não acreditam que mudanças significativas possam
ocorrer no âmbito do Congresso Nacional.
Além do “gancho” da
proposta da presidenta Dilma Rousseff, os militantes se inspiram nas
manifestações do ano passado, a partir das quais foi proposto o plebiscito,
claramente boicotado no Legislativo. Na época, a presidenta apresentou cinco
tópicos a serem decididos em plebiscito: a forma de financiamento de campanhas
a ser adotado; definição do sistema eleitoral; continuidade ou não da
existência da suplência no Senado; manutenção ou não das coligações
partidárias; fim ou não do voto secreto no Parlamento.
A consulta popular
de setembro não tem caráter oficial. A convocação de um plebiscito é, de acordo
com a Constituição Federal de 1988, competência exclusiva do Congresso
Nacional.
A intenção é
conseguir mais de 10 milhões de "votos", número atingido pelo
plebiscito popular realizado em 2002 contra a adesão do Brasil à Área de Livre
Comércio das Américas (Alca). A iniciativa, de 12 anos atrás, é considerada
pelos ativistas a principal referência. Na ocasião, 98% disseram não à assinatura
do acordo de interesse dos Estados Unidos, descartado em 2005 pelo presidente
Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Existem cinco
pontos considerados consensuais e que teriam, para o movimento, necessariamente
de ser introduzidos no país por mudanças a partir de uma Constituinte
exclusiva, caso ela venha a funcionar de fato: financiamento público exclusivo
de campanhas eleitorais; voto em lista fechada e pré-ordenada; paridade de
gênero nas listas partidárias; fim das coligações proporcionais – que permites
nos estados coligações contraditórias à estabelecida em plano nacional; e
ampliação dos mecanismos de democracia participativa (neste caso, a própria
competência de se convocar um plebiscito seria ampliada, já que o Congresso,
detentor dessa prerrogativa, não é mais considerado um parceiro confiável da
sociedade civil).
Para os
organizadores, as coligações proporcionais são um exemplo das contradições do
sistema político brasileiro. Em São Paulo, por exemplo, o PSB é coligado ao
PSDB; no Rio de Janeiro, ao PT. Assim, uma votação expressiva de um candidato a
deputado federal pelo PSB em cada estado pode ajudar a eleger petistas no Rio e
tucanos em São Paulo. Uma possibilidade que "deseduca" os cidadãos a
identificar os programas dos partidos e dos candidatos antes de se decidir.
O financiamento
público exclusivo de campanhas é o primeiro a ser mencionado praticamente por
dez entre dez militantes em qualquer ato político pelo plebiscito, como o que
ocorreu no dia 12 em São Paulo. Não é por acaso que o financiamento privado das
campanhas políticas é considerado a mais nociva fonte de corrupção decorrente
do atual processo eleitoral brasileiro.
Gigantes como Camargo Corrêa, OAS, Andrade Gutierrez, Gerdau, Bradesco,
Itaú/Unibanco, Santander, Friboi, Ambev e Votorantim são algumas das empresas
que mais contribuem com as campanhas eleitorais.
Segundo o Tribunal
Superior Eleitoral (TSE), em 2010 o gasto com a campanha de um deputado federal
era, em média, de R$ 1,1 milhão. A estimativa subiu para R$ 3,6 milhões em
2014. Para um senador, o gasto foi de R$ 4,5 milhões para R$ 5,6 milhões.
De acordo com dados
divulgados durante os votos do julgamento da Ação Direta de
Inconstitucionalidade (ADI n° 4.650) no Supremo Tribunal Federal, os gastos
totais das eleições de 2002 para presidente da República, governadores,
deputados e senadores foram de R$ 827 milhões. Em 2010, os valores chegaram a
assombrosos R$ 4,9 bilhões.
(Fonte:
http://professorantonioneves.blogspot.com.br/)
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