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sexta-feira, 4 de abril de 2014


GREGÓRIO BEZERRA:
“FEITO DE FERRO E DE FLOR"

"Mas existe nesta terra muito homem de valor que é bravo sem matar gente, mas não teme o matador, que gosta da sua gente e que luta a seu favor, como Gregório Bezerra, feito de ferro e de flor." 
(Ferreira Gullar)


Nordestino valente e destemido, homem simples de fortes princípios éticos e morais. Líder camponês nato e dirigente comunista revolucionário passou 22 anos de sua vida na cadeia. No Golpe Militar de 1964, a insanidade, o sadismo e a tortura dos quartéis, no Nordeste começara cedo, logo no dia 2 de abril, quando, diante do povo simples do lugar, Gregório Bezerra fora preso, amarrado pelo pescoço como um animal e arrastado pelas ruas de Casa Forte, no Recife (Hugo Martins).


CONHEÇA UM POUCO DE SUA LUTA

Gregório Bezerra nasceu na região do agreste Pernambucano de Panelas/PE, em 13 de março de 1900 e falesceu em São Paulo, 21 de outubro de 1983. Aos quatro anos de idade começou a trabalhar na lavoura de cana-de-açúcar, para ajudar a família, e aos nove já havia perdido os pais. Migrou para o Recife e, como a maioria dos migrantes pobres era sem-terra, sem-teto dormiu por muito tempo entre nas catatumbas do cemitério de Santo Amaro. Gregório foi analfabeto até 25 anos de idade, foi carregador de bagagens na estação central, jornaleiro (profissão que o levou a se interessar pela política), foi ainda ajudante de obras, trabalhando como operário da construção civil.
A primeira das suas muitas prisões ocorreu em 1917, quando participava de uma manifestação de apoio à Revolução Bolchevique e das primeiras ondas de greve geral por direitos trabalhistas no Brasil. Preso por cinco anos na antiga Casa de Detenção do Recife conheceu o cangaceiro Antônio Silvino, de quem se tornou amigo. Após sair da prisão decidiu ingressar na carreira militar. Em 1922 alistou-se no exército; alfabetizou-se e em 1929 entrou para a Escola de Sargentos; Foi instrutor da Companhia de Metralhadoras Pesadas na Vila Militar e instrutor de Esportes, no Rio de Janeiro. 
De volta ao Recife, filiou-se, em 1930, ao Partido Comunista Brasileiro (PCB). Em 1935, no Recife, liderou o levante militar promovido pela Aliança Nacional Libertadora (ALN), sendo condenado a 28 anos de prisão, acusado da morte de um oficial durante uma ação para conseguir armamentos de um quartel militar no Recife para a Revolução de 1935. Em seguida fora levado, primeiro para Fernando de Noronha e, depois para o Rio de Janeiro, no Presídio Frei Caneca, onde dividiu cela com o ex-comandante da Coluna Prestes e secretário geral do Partido Comunista do Brasil, Luís Carlos Prestes.
Com o fim do Estado Novo, foi anistiado e elegeu-se constituinte (depois deputado federal), em 1946, por Pernambuco, na legenda do PCB, sendo o deputado constituinte mais votado do estado. Teve seu mandato cassado em 1948, juntamente com todos os parlamentares comunistas. Viveu na clandestinidade por nove anos, organizando núcleos sindicais no Paraná e em Goiás.
Foi preso imediatamente após o golpe militar brasileiro de 1964, nas terras da Usina Pedrosa, próximo a Cortês-PE, pelo capitão Álvaro do Rêgo Barros, quando tentava organizar a resistência armada dos camponeses ao golpe em apoio ao governo federal de João Goulart, e estadual de Miguel Arraes de Alencar.
Após a prisão foi transferido para o Recife, onde foi torturado e arrastado em praça pública no bairro de Casa Forte por oficiais do Exército Brasileiro, com uma corda no pescoço, e teve os seus pés imersos em solução de bateria de carro, ficando em carne viva, atrocidade exibida pelas tv local.

Condenado a 19 anos de reclusão, teve seus direitos políticos cassados por força do Ato Institucional nº 1. Foi libertado, em 1969, juntamente com outros 14 presos políticos, em troca da devolução do Embaixador dos Estados unidos no Brasil, sequestrado por um grupo de oposição armada.
No exílio, viveu no México e na então União Soviética, retornando ao Brasil dez anos depois, em 1979, com a anistia. Logo, entrou em divergência com o seu partido (o PCB), desligando-se de seus quadros. Gregório apoiou o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) e, nessa legenda, candidatou-se, em 1982, à Câmara dos Deputados, ficando como suplente. 
Comparado a Nelson Mandela, que passou 27 anos Gregório Bezerra, passou 22 anos de sua vida preso por motivos exclusivamente políticos.Antes de morrer, Gregório declarou: “Gostaria de ser lembrado como o homem que foi amigo das crianças, dos pobres e excluídos; amado e respeitado pelo povo, pelas massas exploradas e sofridas; odiado e temido pelos capitalistas, sendo considerado o inimigo número um das ditaduras fascistas”.
(Adaptação: Hugo Martins - Fonte: http://pt.wikipedia.org/)





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