Você
conhece a história de Mónica Ertl, a mulher que vingou Che Guevara?
Mônica
é filha de um dos grandes propagandistas do nazismo, Hans Ertl, que por muito
tempo foi conhecido como o “fotógrafo de Hitler”. Ela nasceu em Munique, em
1937, mas nos anos 1950 foi viver na Bolívia, para onde seu pai havia fugido
depois da queda do Terceiro Reich. Criou-se num círculo fechado de racismo e
violência, no qual brilhavam o seu pai e outro sinistro personagem a quem ela
chamava de “tio”, e que não era outro senão Klaus Barbie, “o carniceiro de
Lyon”.
Essa
jovem e bela alemã cresceu nesse ambiente, dedicando-se a mesma profissão do
seu pai: era fotógrafa e camarógrafa. Mas, tudo mudou no final dos anos 1960,
quando tomou conhecimento da proposta de Che Guevara naquele país, e acompanhou
todo o episódio de sua morte na selva boliviana. O assassinato do guerrilheiro
argentino provocou um rompimento de Mônica com suas raízes e num giro de 180
graus ela acabou militando nas fileiras do Exército de Libertação Nacional, o
grupo guerrilheiro formado pelo próprio Che. Depois de viver na Alemanha ela
acabou voltando para La Paz onde conheceu e se apaixonou por Osvaldo Peredo,
irmão do então líder do ELN, que também era militante.
Pois
é ela que, em 1971, cruza o Atlântico, volta para a terra natal, Alemanha, e
lá, na cidade de Hamburgo, executa pessoalmente, com três tiros de uma pistola
Colt 38, o cônsul boliviano daquela cidade. E quem era esse cônsul? Nada menos
do que o coronel Roberto Quintanilla, o homem responsável pelo ultraje final a
Guevara: a amputação de suas mão. Ela havia percorrido mais de 20 mil
quilômetros, desde a cordilheira dos andes até Hamburgo para justiçar o
militar.
Assim
narra Jurgen, aquele dia especial. “Hamburgo, Alemanha, eram nove e quarenta da
manhã do dia primeiro de abril de 1971. Uma bela e elegante mulher, de
profundos olhos cor de céu entra no escritório do cônsul da Bolívia e espera
pacientemente ser atendida. Enquanto aguarda, olha indiferente os quadros que
adornam as paredes. Roberto Quintanilla, cônsul boliviano, vestido
elegantemente com um traje de lã escuro, aparece e a cumprimenta, bastante
impactado pela beleza da mulher que diz ser australiana e que há poucos dias
havia pedido uma entrevista. Por um instante fugaz, ambos se encontram frente a
frente. A vingança então aparece encarnada no rosto feminino e atrativo. A
mulher, de beleza exuberante, o olha fixamente nos olhos e sem dizer palavra
extrai um revólver e dispara três vezes. Não houve resistência, nem luta. Os
impactos deram na parede. Na fuga, ela deixou para trás a peruca, o Colt 38 e
um pedaço de papel no qual se lia “Vitória ou morte. ELN”.
Depois
de matar Quintanilla, Mônica foi alvo de uma feroz caçada pelas forças de segurança
bolivianas, que atravessou países e mares, e só terminou quando a jovem
finalmente caiu morta em uma emboscada montada justamente pelo seu “tio”, o
sanguinário Barbie, no dia 12 de maio de 1973, em La Paz. Mônica tinha 35 anos
e seu corpo nunca foi encontrado.
Essa
história incrível e aventurosa é contada pelo jornalista Jürgen Schreiberm, e
faz parte da história de nuestra América. Monica Ertl. Presente.