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quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

MUNDO



Protestam em Nova York contra absolvição de policial que matou negro
Depois do assassinato de Michael Brown, os Estados Unidos vivenciam mais um novo caso de policial que não vai a julgamento. “Não consigo respirar! Não consigo respirar!” Foi com estes gritos que milhares de pessoas encheram Times Square, no centro de NovaYork, na noite de quarta-feira (3), horas depois de um Tribunal ter decidido não levar a julgamento um policial que assassinou um negro, desarmado, durante uma detenção.
Em Times Square, manifestantes protestam contra absolvição de policial que matou negro
Em 17 de Julho Eric Garner, um homem de 43 anos e pai de seis filhos, foi abordado por quatro polícias numa rua de Nova York, sob suspeita de vender cigarros ilegalmente. Para o deter, um dos polícias, identificado como Daniel Pantaleo, agarra Garner por trás, apertando-lhe o pescoço com o braço – uma abordagem conhecida como “chokehold” que é proibida pelo Departamento de Polícia de Nova York, mas que, no entanto, continua a ser utilizada.
Nos últimos cinco anos, foram feitas mais de mil queixas por causa desta prática, de acordo com a BBC, que cita dados do Comitê de Apreciação de Queixas Civis de Nova York.
O momento da detenção foi gravado por uma testemunha e é possível ver Garner com a cara encostada ao chão e a gritar “Não consigo respirar!” – a frase que serve agora de slogan nos protestos em Nova York. O homem acabaria por morrer já a caminho do hospital.
Segundo o relatório dos médicos legistas, a morte de Garner foi considerada homicídio, causado pela compressão do pescoço e do peito, para o qual contribuíram a asma e o excesso de peso da vítima.
O caso de Garner conserva muitas semelhanças com o assassinato de Michael Brown, o jovem de 18 anos morto por um policial em Ferguson, a começar nas diferentes etnias da vítima e do polícia e a terminar no desfecho. Da mesma forma, o anúncio da decisão do grande júri do tribunal de Staten Island teve uma resposta nas ruas.
Na noite de quarta-feira, várias marchas percorreram alguns dos locais mais emblemáticos de Manhattan, tais como Times Square, a estação Grand Central ou o Rockefeller Center, e chegaram mesmo a bloquear algumas vias.
Apesar do carácter pacífico dos protestos – ao contrário do que sucedeu em Ferguson, nos subúrbios de St. Louis (Missouri) –, a polícia fez 83 detenções, mas não houve notícia de qualquer incidente mais grave.
A família de Eric Garner rejeitou o pedido de desculpas apresentado por Pantaleo, logo após a decisão do grande júri. “O tempo para desculpas ou para remorsos (...) teria sido quando o meu marido estava a gritar que não conseguia respirar”, disse a viúva, Esaw Garner, numa entrevista ao canal NBC.
O procurador-geral norte-americano, Eric Holder, anunciou a abertura de uma investigação federal à morte de Eric Garner por "eventuais violações dos direitos cívicos" – um processo separado da decisão do grande júri e que nunca servirá para levar o agente Daniel Pantaleo a tribunal pela morte de Garner.

Do Portal Vermelho, com informações de O Público


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