Protestam em Nova
York contra absolvição de policial que matou negro
Depois do
assassinato de Michael Brown, os Estados Unidos vivenciam mais um novo caso de
policial que não vai a julgamento. “Não consigo respirar! Não consigo
respirar!” Foi com estes gritos que milhares de pessoas encheram Times Square,
no centro de NovaYork, na noite de quarta-feira (3), horas depois de um
Tribunal ter decidido não levar a julgamento um policial que assassinou um
negro, desarmado, durante uma detenção.
Em Times Square,
manifestantes protestam contra absolvição de policial que matou negro
Em 17 de Julho Eric
Garner, um homem de 43 anos e pai de seis filhos, foi abordado por quatro
polícias numa rua de Nova York, sob suspeita de vender cigarros ilegalmente.
Para o deter, um dos polícias, identificado como Daniel Pantaleo, agarra Garner
por trás, apertando-lhe o pescoço com o braço – uma abordagem conhecida como
“chokehold” que é proibida pelo Departamento de Polícia de Nova York, mas que,
no entanto, continua a ser utilizada.
Nos últimos cinco
anos, foram feitas mais de mil queixas por causa desta prática, de acordo com a
BBC, que cita dados do Comitê de Apreciação de Queixas Civis de Nova York.
O momento da
detenção foi gravado por uma testemunha e é possível ver Garner com a cara
encostada ao chão e a gritar “Não consigo respirar!” – a frase que serve agora
de slogan nos protestos em Nova York. O homem acabaria por morrer já a caminho
do hospital.
Segundo o relatório
dos médicos legistas, a morte de Garner foi considerada homicídio, causado pela
compressão do pescoço e do peito, para o qual contribuíram a asma e o excesso
de peso da vítima.
O caso de Garner
conserva muitas semelhanças com o assassinato de Michael Brown, o jovem de 18
anos morto por um policial em Ferguson, a começar nas diferentes etnias da
vítima e do polícia e a terminar no desfecho. Da mesma forma, o anúncio da
decisão do grande júri do tribunal de Staten Island teve uma resposta nas ruas.
Na noite de
quarta-feira, várias marchas percorreram alguns dos locais mais emblemáticos de
Manhattan, tais como Times Square, a estação Grand Central ou o Rockefeller
Center, e chegaram mesmo a bloquear algumas vias.
Apesar do carácter
pacífico dos protestos – ao contrário do que sucedeu em Ferguson, nos subúrbios
de St. Louis (Missouri) –, a polícia fez 83 detenções, mas não houve notícia de
qualquer incidente mais grave.
A família de Eric
Garner rejeitou o pedido de desculpas apresentado por Pantaleo, logo após a
decisão do grande júri. “O tempo para desculpas ou para remorsos (...) teria
sido quando o meu marido estava a gritar que não conseguia respirar”, disse a
viúva, Esaw Garner, numa entrevista ao canal NBC.
O procurador-geral
norte-americano, Eric Holder, anunciou a abertura de uma investigação federal à
morte de Eric Garner por "eventuais violações dos direitos cívicos" –
um processo separado da decisão do grande júri e que nunca servirá para levar o
agente Daniel Pantaleo a tribunal pela morte de Garner.
Do Portal Vermelho,
com informações de O Público
Nenhum comentário:
Postar um comentário