Unir
o povo em defesa da democracia e do Brasil
O
presidente nacional do Partido Comunista do Brasil, Renato Rabelo, divulgou
nesta terça-feira (17) nota sobre o quadro político e os desafios para as
forças progressistas e de esquerda. O dirigente propõe a união do povo para
defender a democracia e a nação e pede “serenidade e firmeza diante da batalha
das ruas”.
Nos
dias 13 e 15 de março, a acirrada luta política em andamento no país desembocou
no leito das avenidas de capitais e de algumas outras grandes cidades.
As
expressivas manifestações do dia 13, constituídas sobretudo de trabalhadores,
estudantes e de outras camadas do povo, marcaram firme posição em defesa da
democracia, do mandato constitucional da presidenta Dilma Rousseff, contra o
golpismo; pela salvaguarda da Petrobras; defesa dos direitos trabalhistas;
contra a corrupção e pelo fim do financiamento empresarial das campanhas. O dia
13 foi organizado pelas centrais sindicais, como a CUT e a CTB, pelo MST e por
entidades como a UNE. O povo foi à rua enfrentando o boicote, e mesmo
hostilidade da grande mídia, e apenas com recursos de seus movimentos.
Já
as manifestações do dia 15, reconhecidamente numerosas, em especial a de São
Paulo, contaram com o poder de comunicação da grande mídia, de um esquema
profissional nas redes sociais, que as disseminaram por dois meses. Os grandes
veículos da mídia desde as primeiras horas do dia 15 fizeram um verdadeiro
chamamento à população para que ela se deslocasse ao local dos atos. Atos que
também tiveram a interveniência e o suporte de grandes grupos econômicos.
É
falsa, portanto, a avaliação disseminada de que o dia 15 é obra pura e simples
de pequenos grupos que se proclamam “apartidários”. Realmente surgiu uma
militância e grupos de direita e extrema-direita – produtos do acirramento da
luta política – da cultura do preconceito e da intolerância alastrada desde a
campanha eleitoral dos tucanos, que hoje se infiltram e procuram surfar no
descontentamento no seio do povo, proclamando serem a anti-política.
Essa
situação ganhou uma dimensão maior pela pregação e manipulação exaustiva e
prolongada da grande mídia contra a presidenta Dilma e o PT. Essa interferência
ostensiva galvanizou a presença de largas camadas da sociedade revoltadas com
os escândalos de corrupção e impactadas com os efeitos do baixo crescimento da
economia.
Desse
modo, exatamente quando, no dia 15, se comemorava os 30 anos da conquista da
democracia e da liberdade pós-regime ditatorial, predominou nas manifestações
ou a pregação de um impeachment fraudulento contra uma presidenta legitimamente
recém-eleita, ou tacanhos e obscuros clamores por uma “intervenção militar”.
Provavelmente parcelas daqueles que ali estavam, mas que têm sentimento
democrático, se sentiram incomodados ou pessimamente acompanhados.
Impulsionar
a contraofensiva, constituir a frente ampla democrática e patriótica
Se,
por um lado, é preciso tirar as consequências do inegável impacto dessa
manifestação do dia 15 numa conjuntura já turbulenta, por outro, precisamos
manter a serenidade, repelir com desassombro a provocação, o golpismo o
revanchismo da direita e seguir firmes na resistência e impulsionando com
sagacidade a contraofensiva. É hora de lutar inspirados na sabedoria que o povo
e as forças avançadas acumularam ao longo de históricas jornadas políticas.
Essa
sabedoria nos ordena a construir uma frente ampla com todas as forças possíveis
do campo democrático e patriótico, interessadas na defesa da democracia, da
economia nacional e da retomada do crescimento. A oposição neoliberal desde a
campanha eleitoral agregou por inteiro o campo político e social conservador e
reacionário, sob a orquestração da mídia hegemônica a serviço de poderosos
interesses da oligarquia financeira. Somente uma frente ampla que una as forças
patrióticas, progressistas e democráticas da Nação será capaz de enfrentar,
isolar e derrotar esse consórcio da oposição que se dedica ao quanto pior,
melhor e trama o retrocesso.
Em
nossa opinião, essa frente ampla, nas atuais circunstâncias, irá se constituir
a partir de bandeiras que respondam aos anseios mais vivos e sentidos por todos
aqueles que têm compromisso com o Brasil e lutam por mais conquistas: Defesa da
democracia, da legalidade, do mandato legítimo e constitucional da presidenta
Dilma; defesa da Petrobras, da economia e da engenharia nacional; combate à
corrupção, fim do financiamento empresarial das campanhas; e pela retomada do
crescimento econômico do país e garantia dos direitos sociais e trabalhistas.
Construir
a frente ampla, agora e já, é uma tarefa das lideranças do conjunto dos
partidos da base aliada, e mesmo de personalidades da sociedade civil que
apoiem ou não o governo, mas que tenham afinidade com as bandeiras acima
assinaladas, dentre outras. A esquerda, sem abdicar de sua pauta, deve se
empenhar ao máximo por esse empreendimento mais candente.
A
frente ampla se constituirá, também, pela iniciativa da presidenta Dilma, de
uma ação constante – apoiada em núcleo político plural consoante ao perfil
heterogêneo da coalizão – para pactuar uma recomposição da base política que
assegure ao governo maioria no Congresso Nacional. De igual modo, cabe à
presidenta liderar a reaglutinação da base social que apoiou sua reeleição,
nomeadamente trabalhadores e empresários do setor produtivo, buscando,
inclusive, ampliá-la.
Quanto
à batalha das ruas, que ao que tudo indica terá novos capítulos, temos que,
sobretudo, alargar nossas forças, nos empenhar no engajamento de crescentes
camadas do povo, dos trabalhadores, da juventude e mesmo de outros setores da
sociedade. Ampliar as articulações, preparar bem as novas iniciativas para
manifestações oportunamente mais amplas e vigorosas.
São
Paulo, 17 de março de 2015.
Renato
Rabelo
Presidente
do Partido Comunista do Brasil – PCdoB
(Fonte:
http://www.pcdob.org.br/noticia,
publicado em 17 de março de 2015)
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