Retomadas as obras na Barragem
Oiticica
O Movimento dos Atingidos
pela Construção da Barragem Oiticica, no barracão da luta e da resistência,
arguido no canteiro de obras para dialogar com o governo e que interrompeu por
70 dias a construção do reservatório reuniu-se com o diretor geral do DNOCS,
Walter Gomes de Sousa, e o secretário de Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos
(SEMARH) do Rio Grande do Norte, Luciano Cavalcante Xavier e assinaram, na
sexta-feira passada (dia 25/07), em Jucurutu, termo de compromisso que assegura
a suspensão da paralisação das obras, por parte do movimentos, tendo em vista
compromisso das autoridades competentes no sentido de atender as reivindicações
do movimento.
Participou da
reunião o bispo de Caicó, dom Antônio Carlos da Cruz, que reivindicou em carta
ao governo federal a formalização por escrito do compromisso para solucionar o
impacto social da obra da barragem Oiticica com plano de trabalho e cronograma
físico-financeiro.
Atendida a
exigência do movimento social, José Procópio Lucena, articulador do movimento e
assessor da Igreja, consultou a plateia reunida no barracão que decidiu em
consenso suspender a ocupação, o que possibilitará a continuação da obra.
Todavia, caso em 60 dias não seja verificado o cumprimento dos termo de
compromisso – o Movimento fará avaliações semanais – o barracão será montado de
novo no canteiro com a paralisação das obras.
“O que vamos
assinar será cumprido religiosamente. Todos os compromissos serão respeitados”,
afirmou Walter Gomes de Sousa. O Diretor Geral lembrou que os termos do
documento foram discutidos terça-feira durante cinco horas com o ministro da
Integração Nacional, Francisco Teixeira, e o secretário da governo da SEMARH do
Rio Grande do Norte. Conforme Luciano Xavier, que na reunião apresentou os
pontos do termo de compromisso, a construção da obra será retomada na próxima
segunda-feira.
“Vamos dar o voto
de confiança pela transparência que estão demonstrando”, disse dom Antônio da
Cruz, que prestigiou a reunião com os padres Ivanof Ferreira, Erivan Primo e
João Bosco. O bispo assegurou que a função da Igreja é apoiar o Movimento,
pediu que a decisão técnica seja mantida e observou que precisa de vontade
política.
O documento, que
tem a chancela do ministro da Integração Nacional, estabelece cronograma até
julho de 2015 e recursos da ordem de R$ 45 milhões em 2014, sendo R$ 21 milhões
para indenizações, R$ 2 milhões para reassentamento urbano, o reassentamento
rural (o valor será fixado ao dimensionar os projetos de arquitetura), e R$ 22
milhões para obra e supervisão. Além deste valor, já foram repassados à obra R$
10 milhões pelo Ministério da Integração Nacional.
A assinatura do
termo atende à reivindicação dos agricultores, produtores rurais e moradores da
Barra de Santana que há cerca de 70 dias ocuparam o canteiro e interromperam a
continuidade da obra com apoio do movimento social e sindical e das igrejas. No
documento, o governo federal, representado pelo DNOCS, e o governo do Rio
Grande do Norte, executor da obra, por meio da SEMARH, se comprometem com obras
físicas e sociais e a somente fechar o maciço central da barragem no trecho da
calha principal do rio quando todas as ações de indenizações e reassentamento
estiverem finalizadas.
Será implantado
programa habitacional para os moradores de Barra de Santana que foram
cadastrados como inquilinos na atualização cadastral na data de janeiro de
2015. Na implantação de reassentamento rural, serão criadas no mínimo três
agrovilas a serem construídas nos municípios de Jucurutu, São Fernando e Jardim
de Piranhas de janeiro a julho de 2015.
O cronograma prevê
prazos para a realização das negociações com vistas às indenizações em cinco
lotes de laudos a partir do final de julho, o primeiro, e o último até 30 de
novembro deste ano. Também foi estabelecido prazo para execução da implantação
da nova Barra de Santana a partir de agosto de 2014 com a conclusão do projeto
das residências, prédios públicos e comerciais com a infraestrutura. A
licitação destas obras está prevista para novembro, e o início da obra com o
desmatamento em setembro e terraplenagem em outubro deste ano.
Em julho de 2015
serão realizadas as obras de infraestrutura, residências, prédios públicos e
comerciais. Para projetos e obras está previsto desembolso de R$ 26,22 milhões.
O documento foi assinado por Walter Gomes de Sousa, Luciano Cavalcante Xavier e
todos os presentes, representantes do Movimento dos Atingidos e Atingidas pela
Construção da Barragem Oiiticica, dos Agricultores e Produtores Rurais, dos
Moradores de Barra de Santana, do Movimento Social e Sindical e das Igrejas.
Participaram da reunião José Miranda da Silva Júnior, supervisor Operacional da
EIT, vencedora da licitação, e Hesíodo Facó, da KL, a empresa supervisora da
obra.
Já foram executadas
na barragem Oiticica 20% da obra, que terá capacidade de armazenamento de 550
milhões de metros cúbicos de água. A conclusão está prevista para 2015 com
investimento de R$ 240 milhões. A construção está a cargo do governo do Estado,
disse o Diretor Geral.
Walter Gomes de
Sousa colocou os manifestantes à vontade para, se quiserem, permanecer no
canteiro de obras e manter o barracão para servir de lugar para trocar ideias e
esclarecer alguma dúvida. Porém, o Movimento decidiu desmontar o barracão e
manter reuniões de oito em oito dias na Capela da Barra de Santana, para avaliação.
Caso não sejam atendidos a contento os compromissos, em 60 dias ocuparão de
novo o canteiro e paralisarão as obras.
(Adaptação de
matéria publicada no site www.sidneysilva.com.26/07/2014)
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