Solidariedade
à Palestina reúne milhares em São Paulo contra massacre
Em
resposta ao massacre promovido pelo exército israelense na Faixa de Gaza,
ordenado por um governo agressivo, racista e ultranacionalista liderado pelo
primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, diversas capitais em todo o mundo têm
manifestado solidariedade ao povo palestino e exigido o fim imediato da
ofensiva. Em São Paulo, neste sábado (19), cerca de quatro mil pessoas
participaram de um ato unificado diante do Consulado de Israel.
(Por
Moara Crivelente, da Redação do Vermelho, 20 de julho de 2014)
O sábado foi
considerado um dos dias mais sangrentos dos 13 dias da operação “Margem
Protetora” lançada pelas forças israelenses em 8 de julho, primeiro com ataques
áereos. Quase 70 pessoas foram mortas no bairro Shujaiyya, na Cidade de Gaza,
pelas tropas que também invadiram o enclave palestino por terra na quinta-feira
(17).
De acordo com
fontes médicas citadas pela agência palestina de notícias Maan, neste domingo
(20), ao menos 66 pessoas foram mortas naquele bairro e outras sete em outros
locais, mas o número pode aumentar, já que há vítimas gravemente feridas. Entre
os mortos estão 17 crianças, 14 mulheres e quatro idosos; mais de 200 feridos
foram levados ao hospital al-Shifa.
Vários palestinos
têm denunciado, inclusive em redes sociais, o uso de armas proibidas pelo
direito internacional humanitário, como o urânio empobrecido e as bombas de
fragmentação que disparam cerca de 10.000 pequenas flechas (“flechettes”) em
várias direções.
Alguns dos nomes
confirmados entre as vítimas fatais são os de Ahmad Ishaq Ramlawi, Marwah
Suleiman al-Sirsawi, Raed Mansour Nayfah, Osama Ribhi Ayyad e Ahid Mousa
al-Sirsik, além do fotojornalista Khalid Hamid e do paramédico Fuad Jabir,
afirma a agência Maan. Desde que a ofensiva foi lançada por Netanyahu, em 8 de
julho, cerca de 410 pessoas foram mortas. Ainda no sábado, antes do novo
massacre, a Organização das Nações Unidas já contabilizava 59 crianças entre as
vítimas fatais, 38 delas com 12 anos de idade ou menos.
Solidariedade internacional
Os diversos
movimentos sociais e partidos políticos reunidos em São Paulo, assim como as
manifestações massivas em outras cidades do Brasil, no Reino Unido, nos Estados
Unidos, na França – onde o presidente François Hollande resolveu proibir os
protestos solidários aos palestinos – e na Turquia, além de vários países
árabes, denunciaram os crimes de guerra perpetrados pelo governo de Israel na
Faixa de Gaza e a ocupação criminosa da Palestina, que há décadas impede os
palestinos de exercerem seu direito à autodeterminação, subjugados ao regime
militar, racista e opressor israelense.
Entre os oradores
de uma longa lista de movimentos sociais e partidos políticos presentes no ato
unificado, Socorro Gomes, presidenta do Centro Brasileiro de Solidariedade aos
Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz), Adilson Araújo, presidente da Central dos
Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Jamil Murad, presidente do PCdoB
São Paulo e Emir Mourad, da Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal) afirmaram
a solidariedade dos trabalhadores e trabalhadoras e do povo brasileiro aos
palestinos, principalmente neste momento, e rechaçaram a política
sistematicamente opressiva do governo israelense.
Muna Namura, da
União Geral de Mulheres Palestinas, membro do Conselho Nacional Palestino e da
Frente Popular de Luta Palestina (FPLP), deu declarações ao Portal Vermelho
desde Ramallah, a sede administrativa do governo palestino na Cisjordânia,
sobre a importância dos protestos internacionais:
“Primeiro, porque eles pressionam os
governos para encerrar a guerra, encerrar a ocupação, para proteger os civis e
para terminar com os ataques contra Gaza por ar, terra e mar. Israel deveria
ser punido pelo direito internacional. Segundo, porque precisamos sentir a
solidariedade. A resistência reage contra os soldados, enquanto Israel ataca os
civis. Nós nos defendemos, enquanto os apoiadores de Israel dizem que eles têm
o direito de se defender. Nós precisamos de apoio, precisamos da solidariedade
internacional.”
Majed Abusalama,
jornalista residente em Gaza, também em contato com o Vermelho, fez um apelo:
“Perdi alguns amigos, outros tiveram que deixar suas casas, ou ficaram
gravemente feridos. Nós amamos a vida, não queremos morrer com as bombas
israelenses. Mas as nossas memórias agora estão preenchidas pela resistência,
por lembranças sangrentas que farão as pessoas não perdoarem Israel ou esquecer
a reação mundial durante esse massacre.”
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